Os enfermeiros angolanos deixaram de prescrever receitas médicas e realizar outras tarefas como forma de protesto contra a afirmação das bastonária da Ordem dos Médicos de Angola, Elisa Gaspar, que defendeu que aquela classe profissional não deve usar batas brancas, receitar medicamentos e fazer outros actos que competem aos médicos.
As organizações socioprofissionais da saúde exigem também um pedido de desculpas públicas de Gaspar.
As declarações da bastonária da Ordem dos Médicos de Angola foram proferidas no dia 25 de Maio, quando se referiu a que “os enfermeiros não podiam passar receita médica e que um "médico é um deus na terra”.
Na ocasião Elisa Gaspar também denunciou a existência de falsos médicos cubanos.
“Os pronunciamentos da bastonária da Ordem dos Médicos de Angola, Elisa Gaspar são um desrespeito à classe e exigimos um pedido de desculpas, mas mesmo depois de alguns encontros a bastonária nega-se de fazê-lo”, diz o segundo secretário-geral do Sindicato dos Enfermeiros, António Afonso Kileba.
O sindicalista afirma, no entanto, que ao deixarem de passar receitas e realizar outros actos, os enfermeiros não estão a fazer nenhuma greve.
Kileba acrescentou que eles vão se limitar a realizar “os actos de enfermagem, como tirar os sinais vitais e aplicar a medicação”.
Há dias, a bastonária Elisa Gaspar, sem pedir desculpas, disse à imprensa ter sido mal interpretada.
A VOA tentou sem sucesso ouvir a bastonária da Ordem dos Médicos de Angola .
Recorde-se que a falta de médicos tem levado os enfermeiros a realizar actos normalmente atribuídos a médicos como consultas, prescrição de medicamentos, solicitação de análises clínicas e certidões de óbito.