Perto de uma centena de enfermeiros do Hospital Central Dr. António Agostinho Neto no Lubango, na província angolana da Huíla, manifestaram-se na terça-feira 28, para denunciar o que consideram de violação de direitos por parte da gestão da unidade hospitalar.
Os funcionários da área de internamento da maior unidade hospitalar da região Sul do país queixam-se, entre outros assuntos, da retirada de um de três dias de descanso complementar sem aviso prévio.
“Nós trabalhamos em regime de turno, fazemos dia e noite. Nós prestamos cuidados aos pacientes durante esee período e há momentos que nós só conseguimos nos recuperar da noite no terceiro dia de folga e quando nos é tirado este dia, trabalhamos cansados e sem motivação, o que em parte prejudica os nossos doentes”, afirma Rossana Valente, acrescentando que intransigência do hospital em manter a decisão é que levou os profissionais a manifestarem o seu descontentamento.
Anabela Cassanga, outra das enfermeiras indignadas com a decisão, acusa a direção do hospital de negar-se ao diálogo e diz ter sido já vítima de ameaças por reivindicar pelos seus direitos.
“Eu estou ser a meaçada neste momento que vos falo para largar a comissão. Nós não temos sindicato! Nós vamos trabalhar a essas horas a mais quem nos vai pagar? Já trabalhamos o mês de Janeiro e a escala continua. Eles se negam a dialogar conosco. Não queremos mais líderes que não aceitam diálogo que ameaçam com discurso intimidatório, por favor!”, clama Cassanga.
A diretora do hospital Central do Lubango, Maria Antunes, revelou que as novas medidas implementadas vieram repor a lei e salvaguardam os direitos dos pacientes, situação que não acontecia até finais do ano passado.
“Nós já vemos completa mudança conforme o doente está a ser cuidado. O enfermeiro conhece o doente, conhece qual o diagnóstico do doente quando entrou, a medicação já está bem registada se o doente comeu foi lhe dada a alimentação, estes são os objectivos da gestão e não vamos mudar coisa nenhuma porque estamos de acordo com a lei", afirma Antunes, garantindo que "a lei fala num dia de descanso pós trabalho e um dia de folga e está a ser cumprido".
A diretora acrescentou estar a cumprir a lei e "e se antes não se cumpria isso não é problema desse hospital”.
Os enfermeiros denunciam ainda o silêncio do sindicato da classe por tere na sua liderança pessoas com cargo de direção e chefia, o que torna incompatível o exercício sindical.