Cabo Verde é o mais recente país de língua oficial portuguesa a ser alvo da atenção dos principais grupos empresariais e financeiros angolanos, em processo de expansão internacional, onde conquistaram posições de destaque nas telecomunicações e na banca.
No arquipélago, os interesses de empresários angolanos estendem-se também à aviação, comunicação social e combustíveis. Para economistas cabo-verdianos em tempos de crise esse invstimento é bem-vindo.
Na década de 1990, na primeira onda de privatizações em Cabo Verde a Sonangol ocupou um lugar de destaque juntamente com a portuguesa GALP na empresa de nacional de combustíveis Enacol.
Nos últimos seis anos, empresários angolanos entraram na banca e nas telecomunicações. Neste último sector, a empresa comprada pela empresária Isabel dos Santos começa a ameaçar o monopólio do mercado da Cabo Verde Telecom e tem feito importantes negócios com o Estado.
Entretanto, outros investimentos estão a caminho, nomeadamente no sector da comunicação, onde há contactos avançados para a compra de uma televisão privada, e nos transportes aéreos. Notícias recentemente postas a circular dizem que a TAAG e a Emirates Airlines preparam um consórcio para comprar a companhia aérea de bandeira de Cabo Verde, a TACV.
O economista e professor universitário cabo-verdiano Gil Évora dá boas-vindas aos investimentos angolanos, por virem de um país cultural, historica e linguísticamente próximo do arquipélago e num momento de crise financeira no país.
Évora não concorda com aqueles que advertem para o perigo do monopólio angolano e aponta os casos das telecomunicações, águas, durante algum tempo, e banca, sectores controlados por empresários portugueses.
Aquele analista desvaloriza também o facto desses interesses pertencerem a gente ligada ao poder em Luanda e diz que tal não acontece quanto a investimentos de outros países.
"Não devemos embarcar nesse tipo de estereótipos criados por portugueses e pela mídia portuguesa, porque quando chega um investidor do Kwait ou do Qatar ninguém pergunta de onde vem o dinheiro, é uma coisa secundária", diz Evora que remete qualquer tipo de investigação para o Banco de Cabo Verde.
A internacionalização da economia cabo-verdiana e o combate ao desemprego constituem para Gil Évora as grandes vantagens do investimento angolano no arquipélago.
"A experiência dos empresários angolanos na internacionalização da sua economia, principalmente na Europa, poderá finalmente ajudar as nossas empresas a se internaionalizarem", advoga aquele economista cabo-verdiano.
Depois dos combustíveis, banca e telecomunicações, agora será a vez da comunicação social e da aviação.
Entretanto, uma recente visita de empresários angolanos a Cabo Verde apontou o turismo como uma das áreas de interesse a médio prazo.