A empresa de construção civil chinesa China Road And Corpuration, através da sucursal Angola “CRBC”, determinou o confinamento obrigatório de mais de 300 funcionários, entre operários, administrativos e cozinheiros, no seu estaleiro em Cambaxe, em Malanje, para evitar contaminações da Covid-19.
Mas alguns empregados que não aceitaram o confinamento nem as condições das instalações, com até sete pessoas num mesmo quarto, foram despedidos.
Uma fonte independente disse à VOA que cinco funcionários da CRBC estavam infectados pelo novo coronavírus, informação não confirmada por responsáveis da empresa que está a asfaltar troços da estrada nacional 230 entre Malanje e Mucari.
A medida de confinamento que deve durar três ou mais meses, segundo algumas fontes, levou a empresa a rescindir os contratos de trabalho com alguns funcionários, na contramão do decreto presidencial sobre o estado de calamidade pública.
“O confinamento no estaleiro é para não parar as obras”, justificou uma outra fonte da construtora sem gravar entrevista.
Despedidas
Maria da Conceição Manuel Agostinho, de 52 anos de idade, foi obrigada a abandonar o emprego depois de oito meses.
“Os chefes disseram que tínhamos que ficar lá de quarentena, ninguém pode ir à casa durante três meses, eu como tenho responsabilidade com os miúdos que não podem ficar sozinhos, eles me deram o fim do contrato, mandaram-nos ir para a casa”, lamentou Agostinho, acrescentado “não há condições nenhumas, [no estaleiro]”.
“Num quarto vão dormir 4, 5 ou 6 pessoas. Nós as meninas somos 7, era para nos meter todas num quarto só, então nós negamos aquelas condições, não tem condições nenhumas, mesmo aí”, denunciou aquela antiga trabalhadora.
Maria Clara, outra cozinheira despedida, diz haver casos de Covid-19 entre os funcionários albergados no estaleiro há já algum tempo.
“Segundo [a direcção d´] os recursos humanos há colegas que estão infectados pela Covid-19 e também alguns chineses que têm esse problema. Alguns (três) já foram já foram para Luanda e os outros estão no estaleiro”, revelou Maria Clara.
A maioria dos trabalhadores até ao momento despedidos da CRBC recebeu uma indemnização de dois meses de salário básico, correspondentes a 27 mil kwanzas, mais 50 por cento deste valor, num um total de 67.500, "montante irrisório para quem deve continuar à vida", segundo as nossas fontes.