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Embaló deixa aviso ao primeiro-ministro e assume saber origem de avião misterioso


Avião na pista do Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, Guiné-Bissau (Foto de Arquivo)
Avião na pista do Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, Guiné-Bissau (Foto de Arquivo)

"Tenho duas famas: combate à corrupção e ao narcotráfico” afirma o Presidente guineense

Umaro Sissoco Embaló disse, este sábado, que no dia 17 de Novembro, as pessoas vão assistir à sua"reacção", sublinhando que pode demitir o Chefe do Governo, Nuno Gomes Nabian, actualmente ausente do país, quando quiser, porque foi ele quem o nomeou para o cargo.

O Chefe de Estado disse que já convocou o Conselho de Estado, seu órgão de consulta, adiantando que a Guiné-Bissau tem um sistema político em que o Presidente da República tem muitos poderes.

“Não posso permitir desordem. O país está a enfrentar greves permanentemente que, de certa forma, é desgastante”, afirmou o Presidente guineense, para quem o Primeiro ministro não foi eleito. “Fui eu que fui eleito. Há limites. Não vou ser aquele Presidente...”, refere.

Sissoco Embaló disse que Koumba Yalá é o último Presidente da Guiné-Bissau a sofrer um Golpe de Estado e o Nino Vieira será último a ser assassinado em pleno exercício das suas funções. “Não haverá mais actos do género no país. Escrevam isso”, sublinhou Sissoco Embaló, concluindo que vai sair da presidência da república tal como José Mário Vaz, “a não ser por morte divina”.

O mistério do avião

Umaro Sissoco Embaló, acabado de regressar de Paris afirmou saber do avião preso no aeroporto à ordem do Governo, através da Autoridade Nacional de Aviação Civil.

“Ao ver o avião no aeroporto aquando da minha deslocação para a cimeira sobre o Clima, perguntei aos Ministros do Interior e o da Defesa de quem era o aparelho, me responderam que não sabiam. Exclamei! Mas foi recomendado pelo Presidente da Mauritânia, Mohamed Ould Ghazouani, para aceitar a empresa proprietária do aparelho na Guiné-Bissau, pois têm pretensões de instalar-se no país para a manutenção e reparação dos aviões. “Ele [Presidente da Mauritânia] me disse que é uma grande oportunidade para a Guiné-Bissau acolher uma empresa de manutenção de aviões, já que a Gâmbia vai as eleições no dia 4 [4 de dezembro], enquanto que a Guiné Conacri está com problemas de estabilidade”, refere o Presidente guineense.

Umaro Sissoco Embaló disse, aliás, ter lembrado que foi abordado sobre o assunto do avião pela empresa proprietária do aparelho, aquando da sua recente visita a Guiné Conacri, tendo, na altura, orientado os seus responsáveis para falarem com o meu Chefe de Gabinete”.

Visivelmente irritado, Sissoco Embaló precisou que não é “bandido”, nem alinha e nem irá alinhar-se com os “bandidos”. “Tenho duas famas: combate à corrupção e ao narcotráfico”, afirmou mostrando à imprensa uma suposta carta do pedido de aterragem da aeronave autorizada pela Autoridade Nacional de Aviação Civil.

O Presidente guineense afirma que a delegação da referida empresa "esteve cá [na Guiné-Bissau] no dia 27 [de Outubro], tendo reunido com o Presidente do Conselho de Administraçãoda Autoridade da Aviação Civil, Caramó Camará, na Presença do Chefe de Estado-maior da Força Aérea e do meu Chefe de Gabinete”.

Umaro Sissoco Embaló acrescenta que sobre o objecto do avião tipo – A340, ainda preso em Bissau, a verdade é que “estão a tentar desviar a atenção das pessoas. Mas, sobre o caso da droga, este vai longe. Conhecemo-nos muito bem neste país e quem são os bandidos”, afirmou acrescentando que os proprietários da aeronave em causa são pessoas muito sérias [honestas], se calhar mais que ele.

O caso do avião preso no aeroporto internacional “Osvaldo Vieira” criou celeuma nas últimas duas semanas, tendo o Presidente da Comissão Especializada do parlamento, José Carlos Macedo Monteiro, denunciado na quarta-feira (10.11.21) ser alvo de ameaça de morte por parte de “altos responsáveis do país”.

Mas, o Presidente da República já veio garantir que nada irá acontecer ao deputado, que disse tê-lo apoiado nas eleições, convidando este a revelar o número do telefone de quem o ameaçou de morte.

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