No dia em que a cidade de Malanje assinala o seu 87o aniversário, os cidadãos queixam-se de profundas insuficiências que tornam o seu dia-a-dia difícil.
Uma das maiores queixas vem da falta de electricidade nos bairros periféricos.
Estatísticas oficiais indicam que Malanje, que celebra a sua ascensão á categoria de cidade a 13 de Fevereiro, tem 500.000 habitantes.
Josué António Gonçalves, que reside no bairro Carreira de Tiro, um dos mais populosos da cidade, disse não ser verdade que “como se diz” toda a província estar abrangida por luz eléctrica e água.
“Lá onde vivemos está muito difícil, estamos carentes de água e da luz”, revelou.
O principal mercado a céu a aberto, localizado no bairro Cangambo, carece de todos os serviços desde saneamento básico, água potável e energia eléctrica.
Engrácia Pinto, uma das vendedoras da praça, afirma que “a nossa estrada principal para o mercado não está boa, nós precisamos mesmo da mudança”.
“O nosso mercado também não está em condições: não tem casas de banho, há muito lixo, nós precisamos de homens da limpeza, nós já pagamos ficha e nós é que varremos nas nossas bancadas”, lamentou Pinto.
As festas da capital acontecem numa altura em que o Governo provincial rescindiu o contrato com a única empresa de limpeza e embelezamento, Jod Gas ,que está a despedir os funcionários para posterior encerramento da companhia.
O jurista Israel da Silva considera que Malanje sente os efeitos da fuga de quadros com os acontecimentos antes da independência nacional e do 27 de Maio.
“Talvez por causa da história, porque Malanje sofreu muito em termo de muita morte na Baixa de Kassanje que contribuiu para a libertação de Angola e no tempo do fraccionismo, muitos quadros perderam as suas vidas e, desde então, muita gente tem medo de participar publicamente”, disse
O arcebispo de Malanje, Dom Benedito Roberto, afirmou numa homilia que os novos habitantes do século XXI com novas tecnologias e a ciência podem superar o que foi feito pelos antecedentes dos séculos anteriores.
Por seu lado, o administrador de Malanje, João de Assunção, reconhece que a cidade ainda não é aquela que os seus habitantes desejam, mas apela a uma maior participação dos habitantes na sua manutenção.
“Hoje o maior problema é o saneamento, mas se perguntarmos a nós: em frente a nossa casa será que está limpa? O capim foi retirado? Aí não precisamos esperar a administração, não precisamos esperar a empresa porque já sabemos que os recursos e os meios são poucos”, sublinha.