Horas antes do Presidente Donald Trump fazer o seu discurso de aceitação da nomeação republicana em frente a uma grande multidão no Jardim Sul da Casa Branca na noite quinta-feira, 27 de agosto, precederam-lhe vários apoiantes que alertaram para uma América sem lei e perigosa se Joe Biden vencer as eleições de novembro.
Com o país a sofrer com a pandemia de coronavírus e uma onda de protestos anti-racismo, vários oradores na quinta-feira argumentaram que os líderes democratas estaduais e municipais, e não o governo Trump, eram os culpados pelo conflito racial que tem convulsionado cidades americanas, incluindo Kenosha, Wisconsin, onde esta semana a polícia disparou e paralisou um homem negro.
Os ataques contra os democratas vieram em todas as vertentes e esferas, como seria de esperar nesta última noite da Convenção Republicana, na qual falaram vários ex apoiantes do partido democrata e na qual o partido republicano apostou em grande em testemunhos de pessoas negras, que defenderam que o Presidente não é racista, na sequência das manifestações Black Lives Matter em resposta à brutalidade policial nos Estados Unidos.
O ex presidente de Câmara de Nova Iorque, Rudy Giuliani, amigo do Presidente Trump, acusou o candidato Joe Biden de aceitar apelos para "desmantelar a polícia", uma posição que o ex vice-presidente rejeitou.
Giuliani disse ainda que "uma votação em Biden e nos democratas cria o risco de se trazer essa ilegalidade para a sua cidade, para o seu subúrbio", acusando ainda os democratas de serem responsáveis pelo crime em Nova Iorque: "Hoje a minha cidade está em choque, assassinatos, crimes violentos (...) Não deixem os democratas fazerem com a América o que eles fizeram com Nova Iorque".
Biden retrucou no Twitter, escrevendo: "Quando Donald Trump diz que hoje à noite você não vai estar seguro na América de Joe Biden, olhe ao redor e pergunte-se: Quão seguro você se sente na América de Donald Trump?"
A decisão de Trump de falar do Jardim Sul da Casa Branca para uma multidão de mais de 1500 pessoas atraiu críticas de que ele estava a usar a residência oficial para fins partidários e ignorando o risco de transmissão do coronavírus.
A multidão, sentada em cadeiras brancas a centímetros de distância, mostrou poucas evidências de distanciamento social ou máscaras faciais, apesar das recomendações de especialistas em saúde. O coronavírus fez com que ambos os partidos políticos reduzissem suas convenções e tornassem os eventos virtuais.
A campanha de Trump disse que tomou as precauções de saúde adequadas.
Enquanto o evento acontecia no jardim da Casa Branca, do lado de fora, na Black Lives Matter Plaza ouviam-se melodias e cânticos de um grupo de centenas de manifestantes anti-Trump ali reunidos.
Nação tomada de assalto
Mais de 180 mil pessoas morreram nos Estados Unidos devido ao coronavírus - mais do que qualquer outro país, de acordo com uma contagem da Reuters.
Em Kenosha, Wisconsin, a relativa calma voltou após três noites de conflito civil, que incluiu fogo posto, vandalismo e duas mortes causadas por vigilante branco de 17 anos, membro de uma milícia.
Trump, um ex empresário do ramo imobiliário, de Nova Iorque, está a tentar reverter uma campanha de reeleição que foi em grande parte ofuscada por uma crise de saúde que deixou milhões de americanos desempregados.
Embora o seu índice de aprovação entre os eleitores republicanos permaneça alto, a dissidência está a aumentar dentro do partido. Em três cartas abertas publicadas na quinta e na sexta-feira, Biden obteve o apoio oficial de mais de 160 pessoas que trabalharam para o ex-presidente republicano George W. Bush ou para os ex-candidatos presidenciais republicanos Mitt Romney e John McCain, relataram os jornais New York Times e o Politico.
No início desta semana, 27 ex-legisladores republicanos endossaram Biden enquanto o Projeto Lincoln, entre os grupos mais proeminentes apoiados pelos republicanos que se opõem a Trump, disse que um ex-chefe do Partido Republicano havia se juntado ao grupo como conselheiro sénior.
O programa de quinta-feira teve como objetivo contrabalançar essas deserções, apresentando um vídeo mostrando ex-eleitores democratas que dizem agora apoiar Trump e comentários do deputado norte-americano Jeff Van Drew, que abandonou o Partido Democrata para se juntar aos republicanos após votar contra a impugnação de Trump este ano.
"Joe Biden está a ser informado sobre o que fazer pelos radicais que dirigem o meu antigo partido, os mesmos radicais que tentam instalá-lo como seu presidente fantoche", disse Jeff Van Drew.