As eleições gerais, abertas esta manhã, 5, sem registo de graves problemas em todo o território brasileiro, terminam às 5 da tarde com a expectativa de envolver mais de 140 milhões de votantes, no país onde a escolha dos governantes e legisladores é obrigatória.
Com um sistema totalmente informatizado, os eleitores brasileiros votam para Presidente da República, governadores de Estados, senadores e deputados. É a primeira eleição que conta com eleitorado de maioria negra, 55%. É também inédito neste pleito o número superior de mulheres eleitoras: 75 milhões diante de 68 milhões de homens.
A presidente brasileira Dilma Rousseff (PT), que disputa a reeleição, chega neste dia de votação liderando as pesquisas de intenções de votos, com mais de 40%. No entanto, um segundo turno é bem provável. Neste domingo, logo cedo antes de votar, a própria candidata petista afirmou que "não trabalha com a hipótese de não ter um segundo turno".
O que gera um clima de expectativa total no país é a indefinição sobre quem deverá conquistar o segundo lugar na corrida pela presidência. De nome quase certo, Marina Silva (PSB) caiu, depois empatou com o candidato Aécio Neves (PSDB) e, menos de 24 horas antes das eleições, viu-se ultrapassada pelo tucano. Portanto, para analistas, é impossível apostar agora em quem segue para o eventual segundo turno com a petista Dilma.
Para analistas, como o cientista político Lúcio Renó, dois factores devem pesar hoje nas urnas, na hora do voto: corrupção e economia. "Quando a gente olha para as eleições recentes no Brasil esses têm sido os dois factores determinantes comprovados por pesquisas. A partir de 1994, economia é muito importante. E, em 2006 e 2010, o aspecto da corrupção e a visibilidade dela como um problema nacional, também se tornou decisivo para as eleições no primeiro turno. È um elemento que o eleitorado está atento", afirma.
Há também o temor de que muitos brasileiros, desiludidos pelos sucessivos escândalos de corrupção envolvendo políticos, anulem o voto neste domingo. Para isso autoridades, como o juiz eleitoral Márlon Reis, pedem para o eleitor não perder o foco. Ppreocupar-se com a qualidade do voto. Não se deixar levar porque alguém pediu ou ofereceu alguma vantagem, mas se preocupar com que realmente será cumprido por aquela pessoa.
Tradicionalmente, as eleições directas no Brasil transcorrem sem grandes incidentes. Mas para garantir esse cenário a segurança foi reforçada, com apoio do exército brasileiro, no Rio de Janeiro e em Santa Catarina. Isso porque na cidade do Rio de Janeiro foram registrados, nos últimos dias, vários confrontos em áreas pacificadas, antes dominadas pelo tráfico de drogas. Já em Santa Catarina, uma onda de violência atinge o Estado há nove dias e já deixou ao menos três mortos.
Delegações de 21 países e três organismos internacionais foram convidados para acompanhar as eleições no Brasil. Ao todo, são 55 estrangeiros. Uma das delegações é a do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de Angola, chefiada pelo seu presidente, André da Silva Neto. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro, ministro Dias Toffoli explica que o acompanhamento já é uma tradição em vários países. "É comum nas eleições ter essa visitação de delegações estrangeiras, para a troca de relações, para verificar como funciona o sistema eleitoral, enfim um intercâmbio de conhecimento. Este ano, estamos recebendo vários países, de todos os continentes do mundo, que estão aqui para acompanhar o nosso sistema, muito curiosos com a urna eletrônica, sobretudo, e o nosso sistema de informática nas eleições", explicou Tofoli.
A expectativa é que o resultado das eleições no Brasil saia no fim da noite deste domingo. No caso de um segundo turno, ele será realizado no dia 26 de Outubro.