O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), de Moçambique diz haver condições para a realização das próximas eleições em toda a província de Cabo Delgado, flagelada por acções terroristas, mas analistas discordam porque o processo poderá não ser transparente.
Carlos Matsinhe, ao falar na tomada de posse do novo director-geral do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), Loló Correia, afirmou ter sido feito um estudo que indicou que "existem condições para a realização de eleições em Cabo Delgado".
O jornalista e analista político Laurindos Macuácua discorda dessa leitura porque, no seu entender, ainda há problemas de insegurança em distritos como Quissanga, Ibo e Macomia, e sendo pessimista, eu diria que as fraudes eleitorais começam em situações como estas de falta de segurança".
O director do Centro de Integridade Pública (CIP), Edson Cortêz, comunga da mesma opinião porque a realização de eleições implica uma logística, que começa com o recenseamento, "e nós sabemos que o conflito em Cabo Delgado já provocou quase um milhão de deslocados".
"Como é que essas pessoas vão ser recenseadas e quem vai garantir segurança para a campanha eleitoral dos partidos", interrogou-se Edson Cortêz, avançando que durante o recenseamento e o próprio acto eleitoral, o grupo terrorista poderá intensificar os seus ataques.
Aquele investigador realça que há cerca de dois anos, havia a ideia de que este conflito estava localizado apenas nos distritos mais a norte de Cabo Delgado, mas actualmente a guerra já se alastrou a quase toda a província, onde ocorrem ataques esporádicos, assim como na província de Nampula.
"A questão não é só dizer que há condições para a realização de eleições, é preciso também pensar como é que as pessoas, num contexto de falta de segurança generalizada, irão reagir à ideia de terem que participar num processo eleitoral", enfatiza o director do CIP.
Moçambique tem eleições locais marcadas para Outubro de 2023.
Fórum