A falta de transparência em torno das chamadas dívidas ocultas contraídas pelo Governo moçambicano "diminui a perspectiva de um compromisso entre o Governo, os doadores e os credores sobre a gestão desta saga da dívida", escreveram os analistas da Economist Intelligence Unit (EIU) numa nota enviada aos investidores, que, no entanto, admitem que esse processo deve acabar em algum compromisso.
Os peritos da revista britânica as conclusões "da muito antecipada auditoria à dívida apontam para uma completa ausência de diligências prévias, e provavelmente fraude", que poderá estar protegida pela actuação dos que deviam fornecer informações aos consultores da Kroll.
"Os serviços de informação argumentaram que a informação requerida era confidencial no interessa da segurança nacional, mas os críticos do Governo vão ver isto apenas como uma maneira de proteger as pessoas envolvidas de uma eventual acusação judicial", continuam os consultores.
As conclusões não foram novidade para os doadores nem para os credores, de acordo com os peritos que, no entanto, apontam agora ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a responsabilidade de tomar uma decisão importante para o futuro de Moçambique.
"O Fundo vai visitar Moçambique em meados de Julho, quando essencialmente terá de decidir se aceita o argumento das autoridades sobre a segurança nacional, e define um precedente preocupante para outros países, ou força a divulgação total [da auditoria], arriscando-se a aprofundar a crise política e económica de Moçambique", escreve a EIU.
O sumário executivo da auditoria realizada pela Kroll às chamadas “dívidas ocultas” revelado no dia 24 confirmou a existência de dívidas no valor de dois mil milhões de dólares e um montante de 500 milhões de dólares em parte incerta.
A comunidade internacional, partidos políticos e organizações da sociedade civil pediram agora à Procuradoria-Geral da República que investigue e denuncie criminalmente os responsáveis desse escândalo que levou organizações internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, e paísesa suspenderem o seu apoio a Moçambique.