O sistema de educação angolano necessita de profundas mudanças que vão desde investimentos na qualidade dos professores, à mudança de manuais e à despartidarização do sistema, disseram especialistas angolanos contactados pela Voz da América.
A Voz da América convidou quatro especialistas da área de educação, para ajudar-nos a entender quais os principais desafios da educação para o ano que ora começa.
Carlinhos Zassala, professor Titular da Universidade Agostinho Neto, psicólogo social, tem décadas nas costas, como docente universitário, Alexandra Simeão, licenciada em Belas Artes, já foi vice-ministra da Educação em Angola, no tempo do GURN (Governo de Unidade e Reconciliação Nacional), Rafael Aguiar é licenciado em Ensino da Sociologia pelo ISCED Instituto Superior de Ciencias de Educação de Luanda e é consultor em matéria de Educação e ainda Eduardo Peres Alberto q é Mestrando em História de Africa, actualmente o secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino Superior, fôramos convidados.
Para começar o ''Decano'' professor universitário Carlinhos Zassala disse que qualquer estado que queira ter sucesso em termos de desenvolvimento precisa olhar o professor como peça fundamental.
''A figura do professor é fundamental e por isso deve haver politicas voltadas para a formação de professores do Ensino Superior para sustentar os restantes sub-sistemas de ensino'', disse.
O psicólogo social defende que para cada sector os problemas são resolvidos pelos especialistas na matéria.
''Não basta dizer que a educação não vai bem é preciso procurar os que entendem do sector como os padres as igrejas etc'', acrescentou
O professor de sociologia e consultor em educação Rafael Aguiar entende que o ponto de partida é o diagnóstico correcto da situação e diz quais são.
''Eu analiso em duas perspectivas: Uma quantitativa e outra qualitativa, é preciso saber quem e quantos estão fora do sistema de ensino para depois ver o resto'', afirmou acrescentando que um outro desafio é saber até que ponto a reforma educativa implementada no país serve ou não.
''Desafio de natureza qualitativa é saber se a reforma de ensino no sub sistema não universitário traz qualidade ou não e os estudos apontam para negatividade'', afirmou Aguiar para quem é prejudicial a manutenção da monodocência no nosso sistema.
Aguiar pensa que este instrumento acabou por ter um efeito oposto.
''O estado julgava que iria acabar com o improviso na avaliação mas na verdade estudos feitos mostram o contrario'' , disse
Para quem já esteve dentro do sistema, Alexandra Simeão ex vice-ministra do governo de Angola, a vertente quantidade foi acautelada mas contudo o aspecto primordial - recursos humanos – está por resolver.
''Criou-se como sucesso várias salas de aulas pelo país mas isto só não chega pois faltam os professores'', disse Alexandra Simeão
Uma ideia partilhada pelo professor Rafael Aguiar que acrescenta os apetrechos técnicos e a qualidade sobretudo no ensino universitário como outros problemas.
''Há outros dois desafios para este ano, as escolas devem ter laboratórios e isso deve ser acompanhado com a contínua formação do professor, é preciso mais qualidade nas nossas universidades para que possam concorrer com outras universidades de África'', disse
O Professor universitário Eduardo Peres Alberto defende a realização de um fórum para debater a educação mas que seja abrangente.
''Angola precisa de uma reflexão profunda sobre ensino e educação em todos os seus sub-sistemaas para trazer-lhe a qualidade'', disse acrescentando que urge devolver a dignidade aos professores antes de tudo.
''A miséria a que estão votados os professores de todos os subsistemas não ajuda em nada'', disse
Peres Alberto defende igualmente que se deve repensar sobre a qualidade dos manuais existentes.
''Os manuais de ensino da primeira classe até a décima segunda classe contêm lacunas graves'', acrescentou
Um dos desafios para o sector da educação em 2017 passa também pelo Orçamento que tem sido alocado ao sector da educação disse a antiga vice-ministra da educação defende mudança
''A questão dos orçamentos para educação já não fazem qualquer sentido, as forças armadas por exemplo continuarem a merecer maior bolo que a educação'', afirmou
O professor de sociologia Rafael Aguiar entende que qualquer dos aspectos apontados aqui para o sector da educação não surtirão efeito desejado caso a política continuar a frente da técnica.
''Todas estas tarefas só terão sucesso caso as instituições de ensino do país deixem de ser partidarizadas'', disse