Um recente estudo da companhia internacional de consultoria Deloitte indica que a descoberta de enormes quantidades de gás natural no norte de Moçambique, coloca o país frente a uma oportunidade extraordinária de investimento em África.
Alguns economistas moçambicanos, no entanto, avisam que só contratos transparentes e boas relações com as multinacionais poderão fazer com que Moçambique tenha, de facto, benefícios múltiplos do gás da bacia do Rovuma, projectados por algumas organizações internacionais.
O economista João Mosca diz que isso vai depender de muitos factores e aponta, por exemplo, o que se passa na zona sul do país, em relação ao gás da companhia sul-africana, Sasol, que além das exportações serem inferiores às previstas, os valores que Moçambique recebe dessas exportações são também inferiores aos praticados no mercado internacional.
De igual modo, o investimento que aquela companhia fez em termos de infra-estruturas para o fornecimento de gás ao mercado interno é muito limitado.
O economista António Francisco diz que algumas das projecções podem não se concretizar, tal como aconteceu, por exemplo, com o carvão, "porque nós sabemos que o mercado mundial se altera".
Por seu turno, Eduardo Sengo, também economista, defende que os benefícios múltiplos do gás e de outros recursos devem resultar de políticas que tenham em conta o desenvolvimento diversificado da economia.
Aquele especialista destacou que "o que se deve fazer é transferir os rendimentos dos sectores altamente rentáveis, sobretudo o dos hidrocarbonetos, para os menos rentáveis, de modo a que se desenvolvam".