Links de Acesso

Economistas angolanos alertam para perigos do financiamento chinês


João Lourenço tenta crédito de 10 mil milhões de dólares
João Lourenço tenta crédito de 10 mil milhões de dólares

"Não há almoços grátis", diz Carlos Rosado de Carvalho, e José Severino afirma "não haver "investimento chinês" em Angola

O Governo da China anunciou uma carteira de crédito aos países africanos no valor de 60 mil milhões de dólares e Angola tenta, através do seu Presidente, João Lourenço, convencer o seu homólogo chinês, Xi Jinping, a conceder ao país um financiamento de mais de 10 mil milhões de dólares para projectar o desenvolvimento nacional.

Avisos sobre emprestimos chineses a Angola - 2:21
please wait

No media source currently available

0:00 0:02:21 0:00

Especialistas angolanos alertam o Executivo, no entanto, para ter cautela em relação a estas linhas de crédito da China que quase sempre resultam em prejuízos para o país.

“Não há almoços grátis. Quem nos empresta dinheiro não é pelos nossos lindos olhos, mas porque tem sempre outra perspectiva, temos que ter cuidado", adverte o economista Carlos Rosado de Carvalho, para quem cautelas e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

Para Rosado de Carvalho, “o financiamento bilateral, seja chinês ou outro qualquer, é sempre mau porque somos obrigados a comprar coisas a quem nos empresta o dinheiro”.

Aquele especialista acrescenta que “quando são europeus ou japoneses há um maior controlo, mas os chineses não querem saber porque a maior parte da divida à China é garantida por petróleo”.

Rosado de Carvalho é de opinião que mais tarde ou mais cedo Angola vai se arrepender “das consequências dessa ligação à China”.

Ele alerta ainda que agora fala-se em mais de 10 mil milhões de dólares, mas desconhece-se o futuro, nem quanto Angola irá pagar.

Na ocasião, Rosado de Carvalho lembra que a China financiou infraestruturas no Sri-Lanka e sem dinheiro para pagar “os chineses ficaram com o porto”.

Por seu lado, José Severino, presidente da Associação Industrial Angolana, lembra que o país nunca recebeu qualquer investimento da China e alerta o Governo a ter mais cuidado na negociação com os chineses para que não haja mais arrependimentos.

"As linhas de financiamento da China devem ser canalizadas para projectos concretos e não abertas, em que depois cada um faz o que lhe convém muitas vezes sem transparência, sem objectividade, ou por razões de urgência politica”, defende Severino que lamenta que, depois, se pague muito caro por isso.

XS
SM
MD
LG