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Dívidas ocultas: Filipe Nyusi recebeu um milhão de dólares, diz Jean Boustani


Empresário revela ao juiz que "Nuy" se refere ao Preisdente mocambicano
Empresário revela ao juiz que "Nuy" se refere ao Preisdente mocambicano

O negociador da Privinvest, apontado como pivot do escândalo das dívidas ocuttas em Moçambique, Jean Boustani desfez nesta quarta-feira, 20, o mistério em torno da figura com a designação Nuy, que beneficiou de comissões ilícitas ao afirmar que trata-se de Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique.

O Centro de Integridade Pública (CIP), que cobre o julgamento em Brooklyn, Nova Iorque, escreve que Boustani fez a revelação no decurso do julgamento que decorre em Brooklyn, Nova Iorque.

“Nuy é o actual presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi. Pagamos-lhe um milhão de dólares como contribuição para a sua campanha eleitoral (em 2014)”, revelou Boustani.

O empresário libanês disse ao Juiz William F. Kuntz II que o dinheiro para Nyusi foi enviado para uma empresa chamada Sunflower International, com sede em Abu Dhabi.

O nome Nuy tinha sido mencionado noutros documentos e associado a outras designações como New Man.

“Acho que era em maio de 2014, por essa altura já sabíamos qual era a dimensão dos projetos em Moçambique. Era, também, a campanha do futuro Presidente Filipe Nyusi, para a qual contribuímos”, revelou Jean Boustani.

Na altura da contratação das dívidas – dois mil milhões de dólares ao Credit Suisse e VTB – Filipe Nyusi era ministro da Defesa, indicado para candidato presidencial da Frelimo, em substituição de Armando Guebuza, também citado neste escândalo.

Tais dívidas foram feitas com a justificação de realização de projectos de protecção costeira em Moçambique e pesca de atum.

A empresa Privinvest, com sede em Abu Dabhi, era principal parceira das autoridades moçambicanas no processo.

Na sessão desta quarta-feira, 20, Boustani apresentou a lista de outras figuras e entidades moçambicanas que receberam fundos ilícitos do escândalo que colocou o país numa crise financeiras sem precedentes.

Da lista constam Teófilo Nhangumele, Partido Frelimo, Bruno Langa, Chopstick (Manuel Chang, ex-ministro das Finanças), Gregório Leão e António Carlos do Rosário (ex-chefes da secreta moçambicana).

Uma das novidades da lista é o nome de Armando Inroga, ex-ministro da Indústria e Comércio de Moçambique.

Jean Boustani revelou que o então ministro das Finanças, Manuel Chang, que se encontra detido na África do Sul à espera da sua extradição para Moçambique ou para os Estados Unidos, disse estar cansado de ser governante "há quase duas décadas" e que pensava concorrer à Assembleia Nacional e abrir um banco.

Chang, segundo o empresário, afirmou que “tinha vários negócios, como uma empresa de consultoria, e estava a planear abrir um banco”, tendo perguntado se havia interesse “em financiamento” ao que Iskandar Safa, o bilionário dono da Privinvest, concordou e disse que “podia dar apoio para a campanha parlamentar”.

“Perguntámos quanto ele estimava os custos para a campanha e para a licença do banco (…), ele disse que cinco milhões (…) eram suficientes para iniciar o processo”, acrescentou Jean Boustani, que mandou um comprovativo de transferência para uma entidade, a Thyse International Incorportation, no valor de cinco milhões de dólares.

Isto aconteceu oito meses depois de Chang ter aprovado o empréstimo para a Proindicus.

Para a empresa Privinvest, as transferências de dinheiro intercetadas pela Procuradoria dos Estados Unidos eram para “influência e lóbi”, disse Boustani, citando o Presidente da empresa, Iskandar Safa.

O julgamento termina nesta sexta-feira, 22.

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