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Dívidas ocultas: Ex-assessor refuta corrupção mas confirma ter recebido dinheiro de Boustany


Renato Matusse, antigo assessor do ex-Presidente moçambicano, Armando Guebuza
Renato Matusse, antigo assessor do ex-Presidente moçambicano, Armando Guebuza

Renato Matusse, assessor político de Guebuza, diz que Jean Boustani era um parceiro para aproximar Moçambique ao Médio Oriente

O antigo assessor político do ex-Presidente moçambicano Armando Guebuza, Renato Matusse, negou nesta sexta-feira, 10, qualquer envolvimento com o projecto da Zona Económica Exclusiva (ZEE), de que resultaram as chamadas dívidas ocultas.

No entanto, reconheceu ter recebido dinheiro do negociador da Privinvest, empresa pivot do escândalo, mas que não foi corrompido.

Na sua declaração, o antigo assessor confirmou ter-se beneficiado de bens móveis e imóveis, nomeadamente duas residências e viaturas, no valor que estimou em pouco mais de 1.600 mil dólares de Jean Boustany, mas negou ter-se tratado de um suborno.

“Não recebi qualquer dinheiro da Privinvest. Recebi ofertas do Jean (Boustani), em resposta a uma preocupação familiar que lhe apresentei e ele se predispôs a ajudar”, afirmou.

Activista para a diplomacia

Matusse disse ter conhecido Boustany após uma audiência na Presidência da República, com Guebuza, tendo nascido dali “uma amizade”.

Para o antigo assessor, o empresário libanês demonstrou ser uma pessoa aberta e um “vivant”, e que desde logo o identificou como podendo ser útil para os interesses e perspectivas diplomáticas de Moçambique.

“Na minha qualidade de assessor político vi nele alguém que podia ser útil na abertura de corredores para a diplomacia nacional com os países do Médio Oriente”, explicou Matusse.

As relações com o “amigo Boustany” terão esfriado algum tempo depois porque, segundo o antigo assessor, provavelmente ter-se-á apercebido que “não sou uma caixa de correio do Presidente da República”.

O julgamento de 19 arguidos acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) iniciou a 23 de Agosto e deve terminar em Dezembro.

A PGR acusa Jean Boustani de ter liderado o suborno de cidadãos, que estão a ser julgados por envolvimento no calote de, pelo menos, dois mil milhões de dólares.

No dia 8, Jean Boustany emitiu num comunicado de imprensa distribuído pelo escritório de advogados Azoury&Associates Law Firm, no qual diz estar disponível para depor, por videoconferência, no julgamento que decorre em Maputo.

"Estou disposto e pronto para comparecer perante vossa excelência juiz Efigénio José Baptista, assim que possível, por videoconferência", afirmou, acrescentando que o testemunho dele e do Presidente Filipe Nyusi são cruciais “aos interesses de uma justiça transparente e justa”.

Há um ano, a Interpol emitiu um mandado de captura internacional contra o negociador da Privinvest.

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