O presidente do PAIGC e candidato derrotado na eleição presidencial de 29 de Dezembro na Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, justificou o recurso à impugnação da eleição com a falta de transparência e de justiça no registo dos votos expressos e pediu que o tribunal esclareça se o processo foi limpo.
"Por isso o recurso judiciário esperando que as instâncias competentes deem a conhecer ao povo e à nação guineense a garantia de quem de facto mereceu a preferência dos guineenses para decidir o seu destino nos próximos cinco anos", disse Simões Pereira em conferência de imprensa neste sábado, 4, num hotel em Bissau.
Para o antigo primeiro-ministro, "a democracia anda em paralelo com a transparência e a justiça, que não estão comprovadas em relação ao registo dos votos expressos nas actas das assembleias de voto e muito menos na transposição das actas síntese para os quadros informáticos em tratamento".
Domingos Simões Pereira reiterou ter provas que “visam demonstrar que os resultados finais foram adulterados”.
Na sua intervenção, ele lembrou que Umaro Sissoco Embalo fez campanha no dia da eleição e que distribuiu dinheiro, com a protecção de homens armados.
Entretanto, o presidente do PAIGC enalteceu o “comportamento globalmente irrepreensível das forças de defesa e segurança que se mantiveram à margem do processo enquanto instituição”, mas pedu que procedam a “um apuramento e responsabilização dos incidentes ocorridos e registados para contínua moralização e disciplina do serviço nobre que prestam à nação".
Além de felicitar a comunidade internacional por ter contribuído para “um ambiente mais apaziguado e seguro do escrutínio" e o "excelente" trabalho da sua candidatura, Simões Pereira reiterou o “firme compromisso com os valores democráticos e a nossa determinação em conhecer a verdade e respeitar a vontade do povo expresso das urnas".
Na quarta-feira, 1, a Comissão Nacional de Eleições anunciou os resultados provisórios que deram 53,55 por cento dos votos a Umaro Sissoco Embalo e 46,45 por cento a Domingos Simões Pereira.
Enquanto se aguardam os resultados definitivos e a decisão do Supremo Tribunal de Justiça ao pedido de impugnação apresentado por Domingos Simões Pereira, o Presidente eleito disse que a sua posse pode acontecer a 15 de Fevereiro.