Aldina Suahele
A proliferação de doentes mentais assume contornos preocupantes na província moçambicana de Nampula, principalmente na capital. Nos últimos tempos, tem-se um aumento descontrolado de doentes mentais que fazem da rua a sua segunda casa.
Alguns são abandonados pela própria família e outros deixam a casa por razões familiares e económicas.
Para o psiquiatra Alfredo Ernesto, o abandono de doentes está estritamente ligado à descriminação de que esse grupo é vítima. Ele explica que o fenómeno tem muitas implicações negativas, nomeadamente o aumento de casos de abuso sexual quando se tratam de mulheres e crianças.
No caso dos homens, Alfredo Ernesto considera que são uma ameaça e que muitos crimes e assaltos a residências podem estar relacionados com a doença mental.
A província de Nampula possui apenas um centro de tratamento de doentes mentais, que funciona à semelhança das unidades sanitárias do Estado. Além de tratar doentes da província, recebe igualmente pacientes de Niassa, Cabo Delgado e Zambézia.
Flor Bela, voluntária no Centro de Saúde São João de Deus, diz que são tratadas pessoas que padecem de várias patologias. Esquizofrenia e epilepsia são as mais frequentes.
No ano passado, mais de 8 mil doentes foram tratados na unidade.
Em relação ao acolhimento de doentes mentais que residem nas ruas da cidade, Flor Bela alerta que é uma tarefa de todos, também do sector de Acção Social, da Saúde e da Polícia.
O Centro de Saúde Mental São João de Deus já elaborou um projecto para a criação de um espaço comum para o acolhimento de doentes mentais que residem na rua.
O mesmo foi submetido à Direcção Provincial de Saúde, mas até agora não houve qualquer resposta.