O governo moçambicano angariou um bilião e duzentos milhões de dólares para a reconstrução pós-ciclones Idai e Kenneth, respectivamente no centro e norte do país.
O valor, que corresponde a cerca de um terço das estimativas de Maputo, será disponibilizado por um grupo de organizações e países parceiros de desenvolvimento de Moçambique, que participou numa conferência específica, na cidade de Beira.
Fazem parte desse grupo a União Europeia, Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
Entre os países doadores constam Portugal, Alemanha, Reino Unido, Suécia, Noruega, Bélgica, Itália, França, Áustria, Espanha, Japão, e Guiné-Equatorial, por sinal o único do continente africano.
Os Estados Unidos da América, maiores doadores de Moçambique, consideraram prematuro anunciar a sua contribuição.
Os valores, tal como foi anunciado na conferência que terminou hoje, serão desembolsados a partir deste mês.
Promessa de auditoria
Inicialmente o governo pretendia mobilizar 3.2 mil milhões de dólares para a reconstrução de estradas, hospitais, escolas e habitações destruídos pelos ciclones que fustigaram o país num intervalo de um mês.
“Este valor visa o processo rápido de reconstrução resiliente, para relançar a economia e a sociedade” disse Francisco Pereira, director-executivo do Gabinete de Reconstrução Pós-ciclones ao anunciar as doações.
Pereira disse que um plano, com projectos prioritários, será desenhado para atender a reconstrução. Ele prometeu auditoria trimestral às finanças do processo.
“A gestão das doações será de tolerância zero a corrupção”, disse Francisco Pereira, acrescentando que os doadores mostraram interesse em financiar áreas de sua competência, ou seja, onde já implementam as suas acções.
Os valores serão investidos nas áreas de protecção social, agricultura e segurança alimentar, nutrição, habitações resilientes e energia.
Nyusi enaltece a solidariedade
Ao encerrar a conferência de doadores, o presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, enalteceu a solidariedade nacional e internacional, por “estimular o renascimento da esperança de vida” das vitimas dos ciclones.
“Os ciclones testaram a nossa capacidade de resposta e solidariedade (nacional e internacional) e a situação coloca à prova a nossa governação” disse Nyusi, que apelou o urgente desembolso das doações e a respectiva simplificação dos métodos de injecção.
Nyusi recordou também que os dois ciclones “destruíram mais de metade de um século de trabalho”.
As duas calamidades mataram cerca de 650 pessoas.
O governo de moçambique diz também, que após estas calamidades, um milhão e novecentas mil pessoas, cerca de 7% da população do país, passa a viver dependente de assistência humanitária.