A revista britânica The Economist diz não ser convincente a tentativa do Governo moçambicano de argumentar que a acção legal da Procuradoria-Geral da República (PGR) demonstra a capacidade de responsabilizar as pessoas envolvidas na questão das chamadas dívidas ocultas.
O Ministério Público (MP) submeteu na semana passada ao Tribunal Administrativo um pedido de responsabilização financeira dos gestores das empresas públicas que contraíram a dívida oculta de dois mil milhões de dólares.
Para os analistas da revista britânica, "a acção legal da PGR é pequena com um foco muito limitado" e lamentam o facto de o pedido não indicar nenhum nome dos dirigentes governamentais identificados pelos auditores da Kroll, como sendo os signatários das garantias soberanas ilegais.
Há vozes que consideram que a omissão dos nomes e a não responsabilização criminal dessas pessoas traduz falta de vontade política de resolver esta questão.
O economista Ignácio Francisco diz que assuntos como este dificilmente vão ter solução, enquanto o poder judicial não for totalmente independente do Executivo.
Contudo, ao nível do governo e do Partido no poder, a Frelimo, o discurso é que este assunto deve ser investigado.
Para Tomás Salomão, destacado quadro da Frelimo, aquilo que interessa é saber o que é que não foi gasto correctamente como o dinheiro público.
Entretanto, circulam informações na capital moçambicana a indicar que o presidente do banco russo, VTB, Andrey Kostin, poderá deslocar-se brevemente a Maputo, para tentar convencer as autoridades moçambicanas a aceitarem negociar com os credores os títulos desse endividamento.
Alguns economistas consideram que a visita significa que alguns credores podem estar interessados na reestruturação da dívida e que Moçambique vai jogar um pouco com isso porque sabe que há interesse nessa reestruturação, nos termos e condições que sejam favoráveis ao seu pagamento.