A Renamo apenas volta a sentar-se à mesa de negociações com o Governo de Moçambique caso houver uma mediação da Igreja Católica e da comunidade internacional.
Essa posição foi reiterada nesta terça-feira à VOA pelo porta-voz da Renamo António Muchanga, que também reagiu ao discurso do Presidente Filipe Nyusi que ontem em Angola defendeu o desarmamento do partido de Afonso Dhlakama.
“O discurso em Angola foi infeliz porque as armas não são ilegais, a Renamo recebeu essas armas no âmbito do acordo de paz, que eu saiba continua em vigor”, disse Muchanga, para quem “então ele (o Presidente) tem de avançar com outra proposta que ponha fim ou substitua o acordo de paz”.
A Renamo continua a considerar que não pode haver qualquer desarmamento pela via da força e, por isso, defende o regresso à mesa das negociações, com mediação da Igreja Católica que, desde sempre, “mostrou-se ser uma instituição credível e com resultados, como aconteceu com os acordos de 1992”.
António Muchanga reitera que o seu partido não acredita no trabalho dos mediadores nacionais porque a maior parte dos seus membros pertence à Frelimo, que, também, impediu que o grupo fizesse um bom trabalho.
Agora não há confiança, diz o porta-voz da Renamo.
“Depois do que fizeram nos últimos tempos, em particular em caso do presidente Dhlakama, não há confiança que deve ser conquistada e não imposta, que deve ser criada com factos e não com armas ou persuasão”, defende o porta-voz da Renamo.
Interrogado se a comunidade internacional aceitará a mediação depois da missão de observadores criada por ocasião dos acordos de cessação das hostilidades em Setembro de 2014 ter deixado o país sem terminar o seu trabalho, António Muchanga responsabiliza o Governo que considerou ser o conflito um caso doméstico.
Para a Renamo, não é “porque há pessoas a morrer”.
António Muchanga reiterou que o presidente da Renamo Afonso Dhlakam a está bem, mas que por agora não vai se pronunciar.