Um dia após o Presidente Jair Bolsonaro ter criticado fortemente o Supremo Tribunal Federal (STF), com forte apoio da sua base eleitoral, o Brasil regista reacções, enquanto observadores esperam os próximos capítulos.
Em São Paulo, Bolsonaro atacou especialmente Alexandre de Moraes, juiz que pediu a prisão de apoiantes do Presidente, no processo que investiga as fake news nas redes sociais.
“Temos um ministro neste Supremo que ousa continuar fazendo aquilo que nós não admitimos. Um ministro que deveria zelar pela nossa liberdade, pela democracia e pela Constituição faz exatamente o contrário”, criticou o Presidente, ameaçando que “ou esse ministro se enquadra, ou pede para sair”.
Na prática, Jair Bolsonaro indica uma quebra entre os poderes.
Para juristas, o Presidente brasileiro cometeu crime de responsabilidade, o que abre espaço para um pedido de inmpugnação.
Partidos, antes aliados a Bolsonaro, agora posicionam-se pela retirada do Presidente.
O governador de São Paulo, João Doria, pela primeira vez foi aos microfones defender o fim do governo Bolsonaro.
“Nossa posição é pelo impeachment de Jair Bolsonaro”, afirmou Doria, quem acrescentou: “Depois do que assisti e ouvi hoje em Brasília ele claramente afronta a Constituição e desafia a democracia brasileira”.
Mas hoje, dia 8, um dia depois, o jogo começa.
Em Brasília é esperada uma reação do STF após os ataques do Presidente.
Luiz Fux, juiz presidente, deve fazer um discurso no qual deve dizer que o tribunal não vai se curvar a ameaças.
No entanto, é no Congresso que o futuro do Presidente começa a ser decidido.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, deve também pronunciar-se, sendo ele quem decide se o processo de impugnação será ou não aberto.
A cientista política Deyse Cioccare tem outra leitura.
“Acredito que neste momento não deve acontecer, o Presidente ainda tem uma base forte no Congresso e ainda estamos num ano pré-eleitoral, onde os parlamentares não querem se arriscar em um processo de impeachment”, sustenta.
Refira-se que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, cancelou as reuniões do órgãos previstas para hoje e amanhã, após o discurso de Bolsonaro.