O Governo de Cabo Verde introduziu este ano, no ensino secundário, a disciplina de educação moral e religiosa, que arranca em fase experimental em 13 escolas do país.
Embora em fase experimental e sendo uma disciplina opcional, a medida não está isenta de críticas, em virtude de o país ser um Estado laico.
O sociólogo Henrique Varela vê a introdução dessa disciplina extracurricular e opcional, como “mais-valia”, por isso considera que “não há campo para ruídos e desinformação”.
O também professor explica que não se está a beliscar a laicidade, porquanto nenhum aluno é obrigado a tomar parte nas aulas de educação moral e religiosa.
Além do mais, acrescenta Varela, a presença nessas aulas só acontece mediante a autorização dos pais e ou encarregados de educação.
Por seu lado, a directora nacional do Ensino reforça que o projecto-piloto terá uma perspectiva de progressão nas 13 escolas, para depois merecer uma avaliação para o seu alargamento aos demais estabelecimentos de ensino do país.
No entanto Sofia Figueiredo garante que “nunca será uma disciplina obrigatória, até porque, de acordo com a lei da liberdade religiosa vigente no país, essa possibilidade não se enquadra legalmente”.
O estudante do 11º ano, Djanilson Costa, disse concordar com a iniciativa, porquanto no seu entender, não se vai ensinar os preceitos da Igreja Católica, “mas sim a educação moral e religião, importantes para a conduta do jovem na vida”.
Na mesma linha, o pai e encarregado de educação Marcelino Santos aprova a ideia e sustenta que, a mesma “só traz ganhos para a preparação moral dos jovens”.
Entretanto, Natalino Varela é de opinião que, embora a disciplina não seja obrigatória, “o projecto devia envolver outras confissões religiosas já que estamos num Estado laico”.
O ensino dessa disciplina tinha sido afastado do currículo escolar logo após a independência nacional em 1975.