O principal diplomata americano em Hong Kong disse, nesta segunda-feira, 6, que é uma "tragédia" usar a nova lei de segurança nacional do semiautônomo território chinês para acabar com as "liberdades fundamentais", no centro financeiro asiático e criar uma "atmosfera de coerção e autocensura."
"Usar a lei de segurança nacional para destruir as liberdades fundamentais e criar uma atmosfera de coerção e autocensura é uma tragédia para Hong Kong", disse Hanscom Smith, cônsul geral dos EUA em Hong Kong e Macau. "Hong Kong teve sucesso precisamente por causa de sua abertura e faremos tudo para manter isso," disse.
A lei, imposta na semana passada, após protestos antigovernamentais, em Hong Kong, no ano passado, torna ilegal as atividades secessionistas, subversivas ou terroristas, assim como a intervenção estrangeira nos assuntos internos da cidade.
Qualquer pessoa que participe de atividades como gritar slogans ou levantar dísticos e bandeiras pedindo a independência da cidade estará a violar a lei, com ou sem violência.
“Liberte Hong Kong, a revolução do nosso tempo”
Os críticos dizem que a lei é o passo mais ousado de Pequim na ex-colônia britânica.
Desde que a lei entrou em vigor, o governo também especificou que o slogan popular das manifestações - “Liberte Hong Kong, a revolução do nosso tempo” - tem conotações separatistas e, portanto, é criminalizado.
Nas bibliotecas públicas de Hong Kong, livros de figuras pró-democracia foram retirados das prateleiras, incluindo os do proeminente ativista pró-democracia Joshua Wong e da política Tanya Chan. A autoridade que administra as bibliotecas disse que está a analisar os livros à luz da nova legislação.
Em muitos estabelecimentos pró-democracia que publicamente se solidarizaram com os manifestantes foram retirados cartazes e obras de arte por medo de que o seu conteúdo viole a nova lei.
Um jovem de 23 anos, Tong Ying-kit, tornou-se a primeira pessoa em Hong Kong a ser acusada ao abrigo da nova lei, por supostamente ter enfrentado um grupo de policias exibido um dístico com a frase “Liberte Hong Kong, a revolução do nosso tempo”.
- AP