A tendência de recuperação da candidata Dilma Rousseff (PT), nos últimos dias da corrida presidencial pode ser explicada, principalmente, pelo crescimento do apoio das mulheres à petista. Entre as eleitoras, Dilma passou de 42 por cento das intenções de votos para 46 cento, de acordo com pesquisa do Instituto Datafolha.
Além do eleitorado feminino, os negros também garantem uma boa base para a presidente que tenta a reeleição. As políticas como a cota para negros nas universidades, a criação de secretarias com estatuto de ministérios para as questões raciais e de género estão entre as acções que colocariam Dilma em vantagem entre esses grupos.
Pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 22, confirma o levantamento anterior que apontou Dilma Rousseff com 52% das intenções de votos contra 48% de Aécio Neves (PSDB). Enquanto Dilma lidera entre mulheres e negros, o candidato aparece à frente entre os brasileiros com rendimentos acima de 10 salários mínimos. Para o analista Daniel Machado, as eleições dividiram o Brasil em grupos específicos.
"Nós podemos dizer que o Brasil, neste momento, se divide em dois grupos. As classes D e E, que tendem a se aproximar da candidata Dilma Rousseff. Temos as classes A e B que se aproximam mais de Aécio Neves. E nós temos a classe C, que teve uma ascensão, que inchou no nosso país nesses últimos anos e ela, sim, é a que vai definir as eleições no nosso país", explica Machado.
A classe C, que promete ser decisiva, foi beneficiada com as políticas sociais do Governo do PT, mas agora quer mais e, não necessariamente, acredita que isso virá de um eventual governo de Dilma, como diz o analista.
"Conseguiu acesso à moradia, à universidade, conseguiu acesso a alguns bens. Essa classe, então, quer mais, quer conquistar mais. Ela tem medo de perder o que conquistou. Mas também tem medo de não avançar. É uma classe que exige serviços públicos, está preocupada com a economia, com a segurança pública. Então, essa classe, com certeza, irá decidir as eleições aqui no Brasil no próximo dia 26", analisa Daniel Machado.
Dentro das grandes divisões entre as classes sociais, que as eleições promoveram no país este ano, existem grupos específicos que manifestam apoio aos candidatos. Um dos mais importantes, conquistados por Aécio, é o apoio dos médicos, descontentes com o programa do actual governo, o “Mais Médicos”, que trouxe profissionais de Cuba para trabalhar em locais mais remotos do país.
Associações médicas, conselhos de medicina e estudantes de 10 Estados repudiam o programa e declaram apoio ao candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves. Para médicos, como o conhecido especialista da medicina esportiva, Ney Lasmar, Aécio pode resgatar a medicina no Brasil. "Infelizmente a saúde no Brasil está um caos e nós vemos nele a figura que pode resgatar a possibilidade que vemos na medicina".
Já a presidente que tenta se reeleger conta o suporte de reitores de 54 universidades federais do país. Em carta, eles afirmam que o Brasil está no rumo certo, graças às políticas, aumento orçamentário, acções e programas implementados nos últimos anos.
Para os professores federais, o Governo petista ficará marcado como o período em que mais se investiu na educação. Ao todo, foram 18 universidades federais no país, como destaca o professor Giorgio Romano, da UFABC. "Toda a política de expansão do ensino público, em particular o ensino superior, é uma política do Governo petista que combina acesso gratuito com excelência e inclusão social." Além do apoio de movimentos sociais, Dilma também conta com o suporte dos trabalhadores rurais e agricultoras familiares.