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Dia Mundial da Liberdade de Imprensa: "A nova era da bipolarização", diz RSF


Liberdade de Imprensa no Mundo em 2022, segundo Repórteres Sem Fronteiras 2022
Liberdade de Imprensa no Mundo em 2022, segundo Repórteres Sem Fronteiras 2022

Cabo Verde é o melhor lusófono em África e Moçambique o pior classificado

A polarização duplicou e foi amplificada pelo caos na informação no mundo, alimentando divisões no seio de países e entre governos.

A conclusão é da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) que publicou nesta terça-feira, 3, Dia Mundial da Liberdade da Imprensa, o seu Índice Mundial de Liberdade de Imprensa.

O documento, que analisa a situação da imprensa em 180 países e territórios, destaca “os efeitos de uma informação online globalizada e não regulamentada, que incentiva fake news e propaganda”.

Nas sociedades democráticas, escreve aquela organização de defesa da liberdade de imprensa, "as divisões aumentam como resultado da disseminação de opiniões seguindo o `modelo Fox News` e a disseminação da desinformação em circuitos que são amplificados pelo modo como as redes sociais funcionam”.

A nível internacional, as democracias “estão a ser enfraquecidas pela assimetria entre sociedades abertas e regimes despóticos que controlam os meios de comunicação e plataformas online enquanto travam guerras de propaganda contra as democracias”.

Os RSF citam a invasão da Ucrânia (106º, no Índice) pela Rússia (155º) no final de Fevereiro como exemplo que reflecte esse processo, pois “o conflito militar foi precedido por uma guerra de propaganda”.

A China (175º no Índice), um dos regimes autocráticos mais repressivos do mundo, “usa o seu arsenal legislativo para confinar a população e isolá-la do resto do mundo, especialmente a população de Hong Kong (148ª), que caiu no Índice”, lê-se no relatório, que destaca o crescimento do confronto entre blocos, como o existente entre o “nacionalista Narendra Modi, na Índia, (150º) e o Paquistão (157º)”.

O documento também assesta que a falta de liberdade de imprensa no Médio Oriente continua a ter impacto no conflito entre Israel (86º), Palestina (170º) e os Estados árabes.

Uma chamada de atenção dos RSF prende-se com a polarização da imprensa que reforça as divisões sociais internas em sociedades democráticas como os Estados Unidos (42º), apesar da eleição do Presidente Joe Biden.

“O aumento da tensão social e política está a ser alimentado pelas redes sociais e novos meios de opinião, especialmente na França (26º)”, diz o relatório, acrescentando que “a supressão da independência da imprensa contribui para uma forte polarização em “democracias liberais” como a Polónia (66º), onde as autoridades consolidaram o seu controlo sobre a radiodifusão pública” ao mesmo que pretendem “re-polonizar” a mídia privada.

Em termos de classificações, o Índice Mundial de Liberdade de Imprensa é liderado pelo “trio nórdico”, integrado por Noruega, Dinamarca e Suécia, que “continua a servir como um modelo democrático onde a liberdade de expressão Floresce”, enquanto a Moldávia (40ª) e a Bulgária (91ª) são destaques neste ano graças à mudança de governos e à esperança que trouxeram para a melhoria da situação dos jornalistas, mesmo que os oligarcas continuem a controlar a imprensa”.

Para os RSF, 28 países integram o grupo onde a situação da liberdade da imprensa é considerada “muito má”, enquanto 12 países, incluindo Bielorrússia (153º) e Rússia (155º), estão na lista vermelha do mapa.

Entre os 10 piores países do mundo em liberdade de imprensa estão Mianmar (176º), a China (175º), Turcomenistão (177º), Irão (178º), Eritreia (179º) e Coreia do Norte (180º).

Lusófonos em África: Cabo Verde melhor e Moçambique pior

De forma resumida, a organização afirma que 28 países vivem uma situação denominada de “muito crítica” em termos de liberdade de imprensa, 62 são considerados como tendo uma “situação problemática”, 42 enfrentam uma “situação dificil”, 40 têm uma “situação satisfatória” e em apenas oito existe uma “boa situação”.

Entre os países lusófonos em África, Cabo Verde é o 36º do Índice, o terceiro em África, atrás das Seichelles e África do Sul, e é o único que integra o grupo que tem uma situação satisfatória.

No entanto, no ano passado, o arquipélago ocupou o 27º lugar.

Guiné-Bissau, apesar de ataques a rádios e jornalistas, segundo os RSF, subiu de 95 para 92, e Angola, embora tenha perdido pontos, subiu de 103 para 99, integram o grupo dos que têm uma situação difícil, enquanto Moçambique, que caiu de 108 para 116, está entre os que vivem uma situação problemática.

São Tomé e Príncipe não foi citado.

Portugal é o melhor lusófono no geral, ao ocupar a sétima posição e integrar o restrito grupo dos países com boa situação.

O Brasil está no grupo de Moçambique, na posição 110º, tendo caído um lugar.

Numa nota divulgada, o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, disse: “Margarita Simonyan, a editora-chefe da RT (antiga Russia Today), revelou o que realmente se pensa na Rússia, ao dizer 'nenhuma grande nação pode existir sem o controlo da informaçãoonline”.

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