O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, manifestou optimismo num acordo com o Governo de Moçambique a “curto prazo”, que deverá abrir caminhos para as próximas eleições, mas alertou para a necessidade de haver seriedade nas negociações, acusando Maputo de promover uma desorganização organizada para atrasar os passos do dialogo.
“Se podemos alcançar um acordo a curto prazo, sim senhor porque há interesse, há interesses mesmo do povo moçambicano (no acordo)” afirmou Afonso Dhlakama numa conversa telefónica com a VOA nesta sexta-feira, 16, a partir da Serra da Gorongosa, sublinhando que há pressão sobre o Governo e a Renamo para um rápido entendimento, afiançando que para isso precisamos “levarmos as coisas (negociações) a sério” para mudar a imagem de Moçambique.
A exigência da Renamo de governar nas seis províncias onde o partido reivindicou vitória nas eleições gerais de 2014 e a consequente recusa do Governo foram a principal razão para o reedição do conflito armado no país, que opos as duas partes, até dezembro de 2016.
Diálogo é o caminho
Agora, com tréguas sem prazo declaradas e negociações de paz em curso, Dhlakama apazigou o mal-estar de que estaria a ser enganado, acrescentando que está a negociar com experiências amargas , e que não vai vacilar na revolução que iniciou desde os 23 anos,.
Afirma esperar que “as próximas eleições tragam alternância governativa, Constituição forte”, numa alusão à revisão da lei fundamental, “a trabalhar a favor das populações”.
O presidente da Renamo aproveitou as celebrações do Dia do Metical, que se assinalda hoje, para equiparar a sua desvalorização, em cascata com os sálarios, afectando drasticamente os funcionários públicos.
“O salário dos funcionários públicos desvalorizou-se em 50 por cento com a inflação, as famílias que colocaram os nas escolas privadas já não aguentam pagar as proprinas e em Moçambique, tudo esta parado. Toda a produção nacional vai para acomodar o partido Frelimo, através da corrupção, das dívidas absurdas, e tudo isto pode ser resolvido não com bazucas, não com helicópteros, nem com canhão, mas com o diálogo, com a alternância governativa em Moçambique”, precisou Afonso Dhlakama.
Aquele responsável fez notar ainda não estar emocionado porque "sou uma pessoa com 60 e tal anos, e comecei a lutar pela democracia aos 23 anos, já passei fases mais dificeis, de escapar à morte e tudo, mas nunca recuei porque no dia em que recuar serei cobarde, depois de ter dado a esperança aos moçambicanos sem temer a morte”.
O líder da Renamo está refugiado na Serra da Gorongosa desde 2015.