O senador americano Robert Menendez disse que os Estados Unidos e seus parceiros podem ajudar a combater a insurgência islâmica em Cabo Delgado e “apoiar as aspirações do povo moçambicano por um futuro mais esperançoso”.
O conflito em Cabo Delgado, zona rica em gás natural e outros recursos, iniciou em 2017 e já matou mais de duas mil pessoas. Mais de 500 mil residentes de distritos do norte foram forçados a fugir para outras partes do país. Os deslocados vivem em condições que requerem atenção.
“A situação em Moçambique é terrível e, infelizmente, não atraiu um nível apropriado de atenção dos formuladores de políticas”, disse aquele senador.
Menendez, que falava esta semana no Senado, considerou “trágico ver um país que parecia estar à beira da transformação arrastado de volta ao conflito. A situação não é de desespero (…) mas é urgente. Devemos agir agora”.
Estratégia coordenada
Para ele, “à medida que o conflito cresce em extensão e intensidade, os Estados Unidos precisarão de desenvolver uma estratégia coordenada entre agências, usando todas as alavancas do poder americano - diplomático, desenvolvimento e defesa - para responder à crise militar humanitária e de desenvolvimento em Cabo Delgado, e trabalhar com os parceiros regionais.
A intervenção de Menendez surge uma semana depois do chefe de contraterrorismo no Departmento de Estado, embaixador Nathan Sales, ter afirmando que os Estados Unidos pretendem apoiar Moçambique a combater a insurgência liderada por um grupo ligado ao Estado Islâmico.
Nessa luta contra os insurgentes, disse, esta semana, o presidente Filipe Nyusi, Moçambique recebeu propostas de apoio de outros países.
Tal apoio, segundo várias fontes, inclui a formação das forças armadas moçambicanas na luta contra o terrorismo, disponibilização de meios de combate e assistência à população deslocada.
Desenvolver o norte
Menendez disse que “o treinamento contra o terrorismo e a assistência humanitária por si só, no entanto, não são suficientes para derrotar o ISIS (Estado Islâmico) em Moçambique.São apenas ferramentas para responder à crise imediata”.
Ele sugere que “para abordar de forma eficaz as causas do conflito - as desigualdades sociais e econômicas que permitiram o extremismo se estabelecer e florescer - o Governo de Moçambique e os parceiros internacionais devem ajudar a desenvolver as comunidades desfavorecidas do norte do país”.
Como parte disso, disse o senador, deve ser combatida a corrupção e melhorada a oferta de serviços de saúde, educação, emprego e empreendedorismo.
Por outro lado, “Moçambique e os seus parceiros internacionais também devem aumentar os programas destinados a combater a ideologia extremista e promover deserções da insurgência”, disse Menendez.
Ele pediu também aos doadores no sentidoi de pressionarem o Governo de Moçambique a cumprir a obrigação de investir nos seus próprios cidadãos, um processo que deve ser transparente e deve resultar em que “parte significativa das receitas potenciais de gás natural” seja investida nas províncias extracção.
Menendez é senador desde 2006. Representa Nova Jérsia e faz parte do Comité de Relações Internacionais.