Os seis manifestantes detidos no sábado, 16, quando pretendiam marchar contra restrições impostas aos mototaxistas na circulação em Luanda foram acusados de injúria contra o Presidente da República.
Enquanto se aguarda a decisão sobre se serão levados a um julgamento sumário ou não, volta o debate sobre menor ou maior repressão durante a Presidência de João Lourenço ou durante a anterior gestão de José Eduardo dos Santos.
Os ativistas dizem que quem se manifesta contra o Governo de João Lourenço é atacado pela polícia e acusado de crime de injúria.
No caso mais recente, o advogado dos seis detidos, Zola Bambi, diz não saber "se irão a julgamento".
"Eu consegui falar com eles essa manhã, estão a ser acusados de injúrias contra o Presidente da República, não se entende como, é apenas uma manobra que encontram para sustentar a detenção”, afirma Bambi.
A conhecida ativista Laurinda Gouveia é peremptória ao afirmar que a repressão piorou durante a gestão de João Lourenço, quando comparada com o período de José Eduardo Santos.
“Tínhamos algum espaço, mas agora o João Lourenço reforçou, e eu acredito que ele só consegue fazer isso, oprimir, porque está ao seu lado o senhor Eugénio Laborinho (ministro do Interior) porque é a pessoa que nos conhece bem, do meu ponto de vista pessoal a situação ficou caótica”, afirma Gouveia.
Posição contrária tem o antigo revú Albano Capinala, para quem há maior abertura para a realização de protestos nos dias de hoje.
“As pessoas fizeram seis,sete manifestações sem repressão, mas existiram pessoas que foram agitar o Presidente e isso pode causar convulsão, mas muitas pessoas presas hoje se entregaram”, afirma Capinala.
Os detidos são detidos nas celas do Serviço de Investigação Criminal (SIC) em Luanda.
A VOA tentou falar com Manuel Alaiwa, porta-voz do SIC, mas sem sucesso.
A União dos Mototaxistas de Angola e a Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola não participaram na manifestação prevista para sábado contra as restrições à circulação destes veículos.
Dirigentes daquelas associações, que promoveram a marcha, explicaram o recuo com as negociações em curso com o Governo Provincial de Luanda, que tem mostrado "alguma flexibilidade" e "abertura".
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