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Detenção de suspeitos de controlar redes de tráfico humano revela vulnerabilidade de Angola


Angola, marginal de Luanda
Angola, marginal de Luanda

Chineses detidos revelam vulnerabilidade das instituições, segundo analistas

A Polícia Nacional (PN) de Angola anunciou nas últimas três semanas a detenção de estrangeiros, na sua maioria chineses, acusados de prostituição e tráfico de pessoas.

Analistas ouvidos pela VOA apontam que a má aplicação das leis migratórias, por parte dos servidores públicos, deixa Angola vulnerável à entrada de redes criminosas integradas por cidadãos estrangeiros, em particular de nacionalidade chinesa.

O psicólogo Carlinhos Zassala diz que existem boas leis, mas “não são aplicadas”, a propósito da recente descoberta de uma rede de tráfico de seres humanos integrada por cidadãos chineses, em Banguela e em Luanda.

“Angola é quase o único país africano onde a nacionalidade pode ser comprada na rua”, afirma aquele académico.

Para o cientista político Nelson Domingos, “a vulnerabilidade de Angola manifesta-se na falta de critérios sérios para determinar o perfil de cada imigrante que viaja para Angola”, aliada à corrupção que campeia nas instituições do Estado.

“A miséria em que os angolanos estão lançados favorece o aliciamento de meninas para práticas como a prostituição a fim de garantirem a comida na mesa”, sustenta Domingos.

A mais recente denúncia sobre a existência de redes criminosas no país foi feita na passada semana pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), que apresentou três cidadãos chineses detidos por crimes de rapto e cárcere privado de um casal chinês e um angolano.

O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do SIC, Manuel Halaiwa, foi citado como tendo dito que, para o resgate dos cidadãos raptados, o grupo de malfeitores pedia um milhão de dólares pagos a partir da China e de três milhões de kwanzas em Angola.

Duas semanas antes, na província de Benguela, as autoridades locais estão a investigar uma provável rede de prostituição alegadamente de cidadãos chineses envolvendo menores de idade na localidade de Caota.

Um cidadão chinês de 30 anos de idade foi detido pelo SIC a quem apreendeu mais de 16 milhões de kwanzas (equivalente a cerca de 25 mil dólares) e mais de 800 dólares americanos.

Outros chineses que se encontravam na companhia de raparigas angolanas também foram interrogados.

De redes criminosas não é tudo

Ontem, 13, a PN apresentou um homem e quatro mulheres detidos, em Luanda, por usarem crianças, com idades entre oito e 13 anos de idades, para pedirem esmolas nas ruas da capital angolana.

O director do Gabinete de Comunicação Institucional e de Imprensa do Comando Provincial de Luanda da PN, superintendente Nestor Gougel, disse que se trata de um crime de tráfico de pessoas, maus-tratos e exploração de menores, em que foram vítimas cinco crianças, três do sexo masculino e duas do sexo feminino, entretanto, recuperadas e entregues às autoridades.

O autor moral foi identificado como sendo Zacarias Roberto, de 40 anos, “que recrutava, com a cumplicidade das mães das crianças, no mercado do 30, município de Viana, crianças com o objectivo de mendicidade, ou seja, as mães cediam as crianças para elas depois irem para a rua praticar a mendicidade, pedir esmolas e outras práticas”.

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