Em Moçambique, as opiniões dividem-se quanto às exigências da Renamo sobre a despartidarização do Estado e a partidarização das Forças de Defesa e Segurança(FDS): uns as consideram uma tentativa de partilha do poder com a Frelimo e outros afirmam se enquadram no Acordo Geral de Paz de 1992.
A Renamo, depois da cedência do Governo relativamente à despartidarização do Estado, exige agora a partidarização das FDS.
"Nós exigimos que 50 po rcento das posições de comando nas Forças de Defesa e Segurança sejam ocupadas por homens da Renamo e os outros 50 por cento por militares do Governo", disse Saimone Macuiane, negociador chefe do partido de Afonso Dhlakama
O sociólogo moçambicano Carlos Serra escreveu no seu Facebook que "a Renamo tem duas cabeças: com uma olha para frente e exige a despartidarização do Estado e com a outra olha para trás e exige a partidarização das Forças de Defesa e Segurança, especialmente nas chefias".
Por seu lado, o analista Fernando Mbanze discorda deste ponto de vista e diz que o que a Renamo quer o cumprimento dos acordos de Roma.
Mbanze afirmou que "a Renamo diz que muitos dos seus homens que tinham sido integrados nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique, no contexto do Acordo Geral de Paz, foram desmobilizados em circunstancias não muito claras".
Outros analistas dizem, igualmente, serem legítimas as exigências da Renamo, realçando que esta questão já devia ter sido resolvida ainda na presidência de Joaquim Chissano, que foi substituído no cargo por Armando Guebuza.
Para o jurista Filimao Swázi, ao exigir a partidarização das Forças de Defesa e Segurança, a Renamo quer partilhar o poder com a Frelimo, "e para isso vai ensaiando uma série de estratégias, sobretudo para criar um terror popular".
Entretanto, para o jornalista Paul Fauvet, a partidarização não resolve, por si só, os problemas das Forças de Defesa e Segurança.
Fauvet destacou que "não vamos melhorar a situação das Forças de Defesa e Segurança partidarizando os seus comandos; o importante é termos um comando muito forte".