Analistas vêm as deserções de figuras próximas de Mariano Nhongo, como uma vitória do presidente da Renamo, Ossufo Momade, cuja liderança está a ser contestada pelo chefe da autoproclamada Junta Militar.
Eles dizem que o poder de Ossufo Momade dentro da Renamo está a ficar cada vez mais reforçado.
"Nós sabemos que a Renamo não é favorável à existência da Junta Militar, porque as acções que Mariano Nhongo vem levando a cabo, politicamente, acabam manchando a imagem da Renamo", afirmou o analista político Raúl Domingos, conhecedor dos contornos destas deserções, a mais recente das quais de André Matsangaissa júnior.
Domingos anotou que uma equipa da Renamo se deslocou à zona centro para convencer João Machava, porta-voz da Junta Militar, a abandonar as matas e aderir ao processo ao Processo de Desmobilização e Reintegração (DDR).
O jurista Tomás Vieira Mário também vê algum interesse da Renamo de Ossufo Momade em que a Junta Militar desapareça, "porque Mariano Nhongo luta contra a liderança da Renamo".
Há quem receie que a direcção da Renamo aplique medidas contra os rebeldes que agora decidiram abandonar as matas, mas Tomás Vieira Mário não acredita que isso possa acontecer, "porque as pessoas vêm no contexto do Processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração".
"Eu noto um esforço muito grande por parte da Renamo para enfraquecer a Junta Militar, e nesta análise é preciso compreender uma coisa: A Junta Militar não luta contra o Estado moçambicano, mas contra a liderança política da Renamo", considerou o director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento, Adriano Nuvunga.
Por seu turno, o sociólogo Moisés Mabunda, entende que as deserções no seio do grupo de Mariano Nhongo possam resultar do trabalho de sensibilização feito por dirigentes ou indivíduos ligados à Renamo, mas também pode acontecer que os próprios integrantes da Junta Militar tenham concluido que a guerra não faz sentido.
Uma terceira hipótese tem a ver com o papel da comunidade internacional, que aparentemente terá conseguido convencer os seguidores da Mariano Nhongo a desligarem-se da ala militarista para aderir ao processo de Desmobilização, Desmilitarização e Reintegração, o chamado DDR.