Cabo Verde é o país africano de língua portuguesa com melhor Índice de Desenvolvimento Humano.
Moçambique, apesar de ser um dos países do mundo com maior crescimento económico, ainda tem o pior índice de desenvolvimento humano.
Os dados são do Relatório de Desenvolvimento Humano, lançado, nesta segunda-feira, em Addis Abeba, Etiópia, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A lista global que analisa 188 país indica que Noruega é o país com melhor índice de desenvolvimento humano, seguido pela Austrália, Suiça, Dinamarca e Holanda. Os Estados Unidos figuram na oitava posição. O pior índice é do Niger.
Cabo Verde, melhor posicionado entre os países africanos de língua portuguesa, está no 122º lugar, seguido por São Tomé e Príncipe, no 143º. Tal como África do Sul, Botswana, Quénia e Marrocos, os dois estão no grupo de médio desenvolvimento humano.
Poucos países africanos estão no grupo de alto desenvolvimento: Líbia, Tunísia, Seychelles e Maurícias.
Os restantes lusófonos estão no grupo de rendimento baixo.
Helen Clark, Administradora do PNUD, disse no lançamento, que o relatório analisa como o desenvolvimento afecta a vida das pessoas. Ela clarificou que o relatório coloca no centro as pessoas e não a economia ou crescimento económico.
Clark sublinhou que “as mudanças no mercado de trabalho têm grandes implicações para o desenvolvimento humano”.
Angola e Moçambique, embora tenham maior potencial crescimento económico, não têm bons indicadores de desenvolvimento humano.
Angola ocupa a 149.ª posição e está próximo do rendimento médio. Mas os autores advertem que num índice ajustado, o país estaria oito lugares abaixo, tendo em conta as desigualdades prevalecentes em termos de rendimentos, educação e esperança de vida.
Moçambique é o pior de todos, no 180º lugar, embora os autores do relatório apontem que o país registou progresso. A alta taxa de desemprego, pobreza extrema e acentuada desigualdade entre homens e mulheres colocam o país nesta posição.
A Guiné-Bissau, país que teve convulsões politicas este ano, está numa situação melhor que a de Moçambique, no lugar 178, mas com o risco de ter cerca de 70 por cento da população na extrema pobreza.
Os dados de Moçambique, Angola e Guiné-Bissau estão em linha com a média da África Subsaariana, que como grupo é de baixo desenvolvimento humano.
Os autores minimizam dizendo que, na última década e meia, a região teve “a mais rápida taxa de crescimento anual no IDH, a um ritmo anual de 1,7%, entre 2000 e 2010, e 0,9% entre 2010 e 2014”.
Contudo, sublinham que “é urgente abordar as enormes desigualdades nas oportunidades, incluindo a nível laboral”.
Abdoulaye Mar Dieye, director do Gabinete Regional do PNUD para África, disse que os governos deverão apostar na “criação de emprego para sustentar as pessoas e as comunidades, e criando condições para uma maior participação das mulheres e dos jovens no mundo do trabalho".