Analistas dizem que o desarmamento do líder da Renamo será insuficiente para a pacificação do país, se não houver um compromisso sério e um diálogo político que envolva todas as forças vivas da sociedade.
Na passada sexta-feira, Afonso Dhlakama entregou ao Governo as armas da sua guarda pessoal, no que em meios politizados foi visto como um bom sinal de reconciliação, sublinhando-se, no entanto, que ele deve manter a voz de comando, para garantir a coesão do movimento.
O analista político Tomás Rondinho, sugere que os passos subsequentes ao acto poderão ser um encontro entre o líder da Renamo e o Presidente da República e o reatar do diálogo.
Este analista acha que o líder da Renamo vai às conversações numa situação fragilizada, pelo que é fundamental tornar o debate político mais abrangente e avançar-se para um processo de integração social dos homens armados da Renamo. Alguns deles começam a ficar agastados com a falta de solução para os seus problemas.
"Apesar de, neste momento, o líder da Renamo se encontrar enfraquecido, o seu orgulho não lhe vai permitir ceder tanto, porque não convém fazê-lo, para não perder a legitimidade da sua liderança no partido," disse Rondinho.
Rondinho considera fundamental que a Renamo se fortaleça como partido, de modo a que mantenha o seu peso na Assembleia da República, onde já submeteu alguns projectos de lei.
Entretanto, o padre católico Ézio Bono, considera que ainda há um longo caminho a percorrer no capítulo da pacificação e que o desarmamento de Afonso Dhlakama não pode por em causa a democracia em Moçambique.
Bono entende que numa República é necessário que haja uma oposição, "porque é ela que garante a democracia, pois, se não houver oposição haverá totalitarismo".