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Desafios e protestos marcam mais um aniversário da independência de Cabo Verde


Manifestação em S.Vicente contra centralismo do poder
Manifestação em S.Vicente contra centralismo do poder

Sociólogo defende bases seguras para um desenvolvimento sustentado

Cabo Verde assinala hoje, 5 de Julho, o 42o. aniversário da independência nacional, data comemorada com "o sentimento positivo da caminhada feita em vários domínios", segundo vários residentes, mas com a necessidade de se reforçar o processo de desenvolvimento, visando a eliminação da pobreza e a consequente melhoria do nível de vida de muitas famílias.

Para os cabo-verdianos, os ganhos conseguidos são visíveis, porquanto de um país que muitos chegaram a considerar de inviável, o arquipélago deu passos importantes na construção de bases e infra-estruturas, que permitiram alargar e melhorar os sistemas de ensino, saúde e outras áreas, com consequências positivas na vida dos cidadãos.

Entretanto, um dos grandes desafios prende-se com a necessidade de se combater “a pobreza, sobretudo desemprego na camada jovem”, sem esquecer a melhoria da tão falada “segurança interna”.

Os jovens, muitos com licenciatura e mestrado que se encontram desempregados, pedem políticas consistentes que visam melhorar a situação económica e consequentemente criar empregos.

Para o professor universitário, Nardi Sousa, o país precisa "ganhar desafios de compromissos sérios no processo de desenvolvimento que se quer sustentado, onde se exigem partilha de informações úteis com as comunidades, gestão transparente, prestação de contas e responsabilização dos gestores públicos e políticos".

Aquele sociólogo considera que se deve valorizar as capacidades dos cidadãos sem ver para as suas opções religiosas e políticas, evitando a cultura de que apenas determinados grupos podem decidir sobre a vida do país.

“Espero que haja também mudança de atitude dos cidadãos, que devem ser mais interventivos e contribuam afincadamente para o desenvolvimento do país. Penso que o povo não deve aparecer apenas na altura das campanhas e eleições, deve continuadamente desempenhar um papel activo na sociedade, ser verdadeiro fiscalizador das ações dos poderes locais e central”, destaca Nadir Sousa.

Quanto à questão do emprego, Sousa considera que as universidades podem contribuir para minimizar o problema, mas para isso devem ser canalizados fundos para que possam desenvolver projectos para “inovação e orientação dos jovens formandos”.

O 42o. aniversário da independência de Cabo Verde ficou marcado hoje pela realização de uma manifestação organizada por um grupo de cidadãos em São Vicente

Os promotores justificam a manifestação contra aquilo que consideram de centralismo exacerbado, situação que tem causado efeitos no processo de desenvolvimento da ilha do Porto Grande.

Salvador Mascarenhas considera que os cidadãos devem mostrar a sua força, manifestando-se de forma descomplexada como aconteceu hoje, para que os políticos percebam que o povo merece respeito .

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, já disse que não vê isso como algo contra o Governo, tendo em conta que o seu Executivo defende a regionalização precisamente para descentralizar o poder.

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