Embora a actual transição energética dos recursos fósseis para os renováveis seja impulsionada principalmente por preocupações de sustentabilidade ambiental, ela só terá sucesso se fornecer simultaneamente segurança e acesso à energia e facilitar o crescimento e o desenvolvimento económico, disseram participantes na Conferência Sobre “Desafios e Oportunidades da Transição Energética”, que decorreu nesta semana na cidade moçambicana de Pemba.
O tema é muito importante e a recomendação é que esse debate possa abranger a todos cidadãos das regiões ricas em recursos naturais como gás, que é ainda considerada energia limpa.
“Países como Moçambique que tem riquezas enormes em gás natural que ainda é considerada de uma energia limpa mas dentro de pouco tempo poderá ser considerada de uma energia também poluente, tem de comecar a fazer com que parte do dinheiro que vai ser gerado com a exploração deste gás seja utilizado para a promoção do desenvolvimento, mas também fundamentalmente para a produção de energia limpa e assegurar que esse processo seja apropriado pelos cidadãos e particularmente pelas comunidades nas regiões de produção de gás natural, particularmente Cabo Delgado e Inhambane”, diz Adriano Nuvunga, director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), que organiza o encontro.
Apesar da sua proximidade a algumas das maiores reservas de gás do continente, o acesso à energia em Pemba e áreas circundantes é muito fraco e dependente de recursos fósseis.
Por isso, a líder comunitária de Paquitiquete, Marta Januário Licuco, sugere um processo de consulta aos cidadãos que encoraje um maior envolvimento e participação da sociedade civil, na transição energética.
“Este processo é muito importante e carece a participação de todos, pois quando falamos da transpiração energética é uma questão de direitos humanos porque se formos a ver a questão do carbono que se fala tem em conta a própria vida das comunidades, do cidadão e do moçambicano”, considera Licuco.
Para o Governo, o processo de transição energética deve ser feita tendo em conta a realidade do país, segundo afirma Teodoro Vales, secretário permanente do Ministério da Energia, que realçou o facto de 60% da população moçambicana ter dificuldades de acesso à energia, enquanto que para Florival Mucave, da Câmera de Energia de Moçambique é necessário que se tenha uma narrativa moçambicana neste debate.
O Alto Comissariado Britânico em Moçambique é parceiro desse projeto “Consulta e Diálogo com Cidadãos para Promover uma Transição Energética Inclusiva em Pemba”.
Nnene Iwuji realça que “o Reino Unido teve a honra de receber quase o mundo inteiro em Glasgow, na Escócia, para a COP-26 e destacamos o nosso compromisso para ajudar países como Moçambique para alcançar o acesso a recursos para financiamento respostas para as mudanças climáticas e continuaremos a trabalhar com o Governo para criar um plano para ter acesso a esse financiamento”.