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Cabo Verde: o drama dos deportados


Cidade da Praia
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A integração é um problema complexo de difícil solução.

A recente noticia de que cerca de 400 cidadãos cabo-verdianos estão na lista de deportação dos Estados Unidos está a criar alguma preocupação no arquipélago.

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Para a ministra das Comunidades Fernanda Fernandes trata-se de uma situação complexa, já que a deportação tem consequências não só para as pessoas deportadas, mas também para os familiares, para a sociedade e para o estado.

De acordo com informações avançadas pelo Ministério das Comunidades, os Estados Unidos da América lideram a lista com cerca de 41,7 por cento do total de cidadãos deportados para Cabo Verde, entre 2002 e 2015.

O Governo reconhece, no entano, que o número é superior, tendo em conta que constata-se alguma fragilidade na recolha de dados, devido a diversos factores, nomeadamente a falta de comunicação prévia às instituições cabo-verdianas sobre as deportações e insuficiências na centralização da recolha de dados.

Alguns deportados abordados pela VOA e que não quiseram gravar entrevista, dizem ter recebido apoio das autoridades do arquipélago e dos familiares, mas afirmam que se sentem algo discriminados, já que a sociedade os vê sempre com um pé atrás.

Ainda assim, há deportados que conseguiram ultrapassar esses constrangimentos e se inseriram perfeitamente em Cabo Verde.

Na Brava, ilha que a par da vizinha Fogo acolhe o maior de número de deportados oriundos sobretudo dos Estados Unidos da América, encontramos Henrique Gonçalves (Djique), que se diz bem integrado.

“No início as coisas foram difíceis, mas recebi alguns apoios que me permitiram entrar no negócio de criação de porcos e venda de carnes, depois resolvi dedicar-me ao trabalho da agricultura", conta, acrescentando que hoje tem a minha própria casa, comprou um carro e leva uma vida normal”.

O tratamento da questão relacionada com a deportação é complexa, por isso a ministra Fernanda Fernandes afirma que Cabo Verde dificilmente conseguirá reintegrar os deportados adequadamente, sem uma forte articulação a nível nacional, envolvimento das famílias e, por outro lado, sem ajuda do exterior, mormente dos países que mais deportam.

Para além dos apoios canalizados aos deportados, o Ministério das Comunidades em parceira com outras instituições tem direcionado acções que vão no sentido de transmitir informações preventivas junto de potenciais emigrantes.

A responsável pela pasta das Comunidades ressalva o trabalho que o Consulado Geral em Boston tem feito junto das autoridades norte-americanas, sem esquecer a parceria com as associações cabo-verdianas na transmissão de informações sobre a vida do país de recepção.

O sociólogo Reidy Lima, que tem desenvolvido trabalhos sobre a deportação, reconhece que a questão é complexa sim, mas entende,que os deportados cabo-verdianos não constituem o maior problema, uma vez que têm ligação com o país.

Para Reidy Lima, o mais preocupante será quando os cidadãos de outras nacionalidades, sobretudo os da sub-região africana da Cedeao, começarem a ser deportados para Cabo Verde, no âmbito do acordo da parceria especial (mobilidade) assinado entre o arquipélago e a União Europeia.

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