Ultrapassado o espectro de falência, o Porto do Lobito, na província angolana de Benguela, detectou centenas de trabalhadores fantasmas, entre os quais figuras conhecidas do MPLA, na sequência de uma operação levada a cabo pelo novo Conselho de Administração nas últimas semanas, apurou a VOA.
Os atrasos salariais, na base das greves ocorridas na empresa portuária, são associados à existência de gente que não trabalha na folha de funcionários com direito à remuneração.
Cerca de 200 trabalhadores fantasmas terão sido detectados no Porto do Lobito, empresa que chegou a declarar falência devido a baixas no movimento de navios, quando obrigada a recorrer ao crédito bancário até para pagar ordenados.
A operação do sector de recursos humanos vai a meio, mas os dados preliminares, segundo fonte bem posicionada na empresa, indicam que há figuras do partido no poder que recebiam um milhão de kwanzas por mês, quase 4 mil 700 dólares ao câmbio do Banco Nacional de Angola.
Este assunto, sobre o qual a Comissão Sindical promete emitir um pronunciamento quando a operação estiver concluída, levou a VOA a ouvir o ministro dos Transportes, Augusto Tomás.
“É um assunto para tratar com o presidente do Conselho de Administração, eu não sei de nada’’, frisa Tomás.
Agostinho Estevão Felizardo, há quase dois meses à frente do Conselho de Administração do Porto do Lobito, adiou um pronunciamento.
“Agora não, falarei oportunamente’’, sustenta o PCA, para mais adiante, após alguma insistência, salientar que ‘’eu falarei depois para dizer não’’.
Nada surpreendido, Afonso Hungulo ‘’Suba Suba’’, antigo deputado à Assembleia Nacional pela UNITA e um dos milhares de ex-portuários expulsos por questões políticas, estará por dentro do assunto.
“Não me surpreende, até porque isso foi pensado há muito tempo. Eles tiraram os próprios e meteram os deles, esses fantasmas… é para aproveitarem o dinheiro. Por exemplo, há muitos que falaram comigo, não estão a trabalhar mas estão a vencer, certamente fazem parte dos fantasmas’’, desabafa ‘’Suba Suba’’.
Dados disponíveis apontam para a existência de cerca de dois mil trabalhadores, que fazem uma massa salarial de 350 milhões de kwanzas/mês, quase 1.700 mil dólares.