O ministro moçambicano da Defesa, Cristóvão Chume, esteve na China, semana passada, onde assinou acordos de cooperação, num contexto em que, segundo alguns analistas políticos, o apoio do ocidente a Maputo, centrado fundamentalmente na área da formação, não tem sido suficiente para combater a insurgência em Cabo Delgado.
Outros analistas políticos dizem que Moçambique recorre à China por dificuldades de tesouraria para comprar equipamento militar em termos comerciais.
O ministério moçambicano da Defesa Nacional, em comunicado a propósito da visita, não dá pormenores dos acordos assinados, mas o Presidente Filipe Nyusi e a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verônica Macamo, têm feito reiterados apelos no sentido de o ocidente fornecer equipamento militar letal para combater o terrorismo no norte do país.
O analista político Isaias Ubisse diz haver uma relação entre a visita à China e a aparente relutância do ocidente em fornecer equipamento letal a Moçambique, “porque o treinamento das forças de defesa e segurança moçambicanas, sendo importantíssimo, não é suficiente para a luta contra a insurgência’’.
Ubisse afirma que “enquanto o ocidente, sobretudo a União Européia não tem soluções práticas e operacionais, a China parece estar perante uma nova oportunidade em Moçambique que quer aproveitar fornecendo o equipamento que este país africano precisa’’.
Entretanto, o analista político Fernando Lima faz referência ao facto de a China e a Rússia serem parceiros tradicionais de Moçambique, sendo por isso que o apoio militar não letal é fornecido em condições especiais.
Tesouraria
Para Lima, ‘’Moçambique não tem problemas de fornecimento do ocidente, o problema é que tradicionalmente esse fornecimento é feito em termos concessionais’’.
Ele recorda que Moçambique compra munições, “uma vez que o armamento ligeiro continua a ser fornecido pela China e pela Rússia, nomeadamente as armas AK47 que já não existem no mercado oficial ocidental, mas existe outro tipo de material letal como granadas, balas, bombas, etc.’’, que podem ser fornecidos pelo ocidente e outros mercados como a Índia.
Lima vê “esse tipo de cooperação e apoio da China mais dentro deste ângulo de dificuldades de tesouraria de Moçambique em comprar em termos concessionais equipamento militar’’.
Relativamente aos insistentes apelos das autoridades moçambicanas para que a União Européia forneça equipamento militar letal, Lima diz que o bloco europeu não pode fazer isso, porque apenas tem uma exceção em relação à Ucrânia.
Outra questão que se levanta é o que é que a China ganha com as condições especiais que oferece a Moçambique na compra de equipamento militar.
O analista político João Mosca diz que os chineses têm muitos interesses em Moçambique, e serão eventualmente os mais beneficiários desta cooperação, sublinhando que “eles estão com muitos interesses na ocupação de terras, exploração de recursos minerais, existindo já alguns recursos explorados por eles e já manifestaram interesse no gás e petróleo’’.
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