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Decisão do Supremo Tribunal do Quénia pode fazer escola, dizem analistas


Juízes do Supremo Tribunal do Quénia
Juízes do Supremo Tribunal do Quénia

Órgão anula eleições em sinal de independência da Justiça

A decisão do Supremo Tribunal do Quénia de anular as eleições de 8 de Agosto que deram vitória ao Presidente Uhuru Kenyatta e marcar uma nova votação tem suscitado muitas reacções em vários países africanos.

A maioria destaca a prova de independência da justiça queniana apesar das críticas de Kenyatta que, embora tenha aceite a decisão, promete “consertar a justiça” se ganhar a nova eleição.

O líder da oposição Raila Odinga classificou a decisão de “histórica”.

Rui Kandove
Rui Kandove

O cientista político angolano Rui Kandove é de opinião que “a decisão (…) pode fazer escola, mas lembra que os processos políticos em África têm sido muito questionados.

Serviço à democracia

“É um indicador relevante que pode servir de inspiração a outras partes de África”, afirma Kandove em entrevista à VOA, em que recorda que “há bem pouco tempo Quénia tinha enfrentado uma grave crise político pós-eleitoral”.

Para aquele professor universitário, “esse sinal indica que o país deu a volta por cima” e prestou um “grande serviço à democracia”.

Kandove diz esperar que “as mais novas lideranças africanas tenham a consciência de que está na hora de construirmos um continente verdadeiramente democrático”.

A implementação da democracia tem sido um processo muito complexo em vários países africanos, de acordo com o jurista angolano Fernando Monteiro Kawewe, particularmente depois das eleições.

Sequestro da justiça

O poder político, na maioria dos casos “sequestra o sistema judicial”, afirma.

“Há alguma tendência de mudança (...) e quando o Quénia dá um sinal muito positivo acreditamos que os demais países sentirão esse peso e, naturalmente, alguma coisa tenderá a mudar”, admite aquele jurista.

Questionado se em Angola já se pode falar numa independência do poder judicial, Monteiro Kawewe é peremptório: “como jurista posso dizer que os tribunais angolanos não respondem positivamente a recursos dos partidos políticos”.

As novas eleições no Quénia realizam-se dentro de 60 dias.

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