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Sindicatos e activistas questionam estatísticas de desemprego em Angola


Manifestação contra desemprego em Luanda, Angola, 26 setembro 2020
Manifestação contra desemprego em Luanda, Angola, 26 setembro 2020

Instituto Nacional de Estatísticas diz que a taxa de desemprego edesceu de 32,9% no último trimestre de 2021 para 30,8% no primeiro trimestre de 2022

Sindicalistas e líderes cívicos questionam a veracidade dos últimos dados do Inquérito ao Emprego em Angola (IEA), divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e que dão conta da redução da taxa de desemprego e do aumento do número de empregados no país.

Governo angolano diz que o desemprego caíu mas muitos duvidam – 2:45
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O último relatório do INE, publicado na terça-feira ,17, revela que a taxa de desemprego em Angola desceu de 32,9% no último trimestre de 2021 para 30,8% no primeiro trimestre de 2022, havendo uma redução de 2,1 pontos percentuais.

Segundo o inquérito, no primeiro trimestre de 2022, a população empregada aumentou 3 % face ao quarto trimestre de 2021 e, consequentemente, a taxa de emprego aumentou 1,2 ponto percentual, face ao quarto trimestre de 2021.

Cepticismo quanto aos números

Especialistas contactados pela VOA dizem que “os dados do Governo têm objectivos eleitoralistas”.

O responsável da Organização Rede Terra, Bernardo Castro, considera “questionável” o inquérito do INE sob o argumento de que o mesmo “carece de confrontação prática na vida das pessoas”.

“As pessoas começam a ter descrédito para com algumas instituições e fontes de informação que transbordam para o campo da pré-campanha eleitoral e que se enquadram no controlo da comunicação pública”, defende.

“Os dados que o Governo lançou são falsos e só podem ludibriar quem não conhece a realidade de Angola” considera, por seu turno, o sindicalista Victor Aguiar.

O também sindicalista Francisco Jacinto defende igualmente que os dados do inquérito não traduzem a realidade do país.

O secretário-geral da Central Geral dos Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA) precisa que “estamos em período de eleições e tudo é possível dizer-se”.

“Não é possível hoje o desemprego descer mais de 2%. É só sair à rua aqui em Luanda, onde circula a economia, e perguntar entre dez a vinte jovens quantos é que estão desempregados”, conclui.

O inquérito

O INE refere que no período em análise, o número de desempregados foi de 4.995.991, o que representa uma redução de 6,6% quando comparado com o quarto trimestre de 2021.

Em termos homólogos, o número de desempregados aumentou 5,3%, ao sair de 4.744.020 para 4.995.991.

As estatísticas do INE apontam igualmente para uma redução de 57,2% da taxa de desemprego (na população jovem dos 15 aos 24 anos de idade) no primeiro trimestre de 2022.

“A taxa de emprego na área urbana foi de 80,4%, enquanto na rural 51,4%. Mais da metade 55,5% da população empregada encontra-se na agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca, seguido do comércio por grosso e a retalho com 17,8% ``, precisa o INE.

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