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Dívidas ocultas: Nhangumele actuou em nome da Presidência, confirma justiça americana


Departamento de Justiça garante usar todos os meios para levar acusados à justiça
Departamento de Justiça garante usar todos os meios para levar acusados à justiça

As autoridades judiciais americanas avisaram que vão usar “todos os meios legais possíveis” para levar a tribunal, nos Estados Unidos, os responsáveis pelo escândalo das chamadas "dívidas ocultas" e confirmaram que um dos indiciados actuou “em nome da presidência” de Moçambique.

Desde que várias pessoas, incluindo o antigo ministro moçambicano das Finanças Manuel Chang, foram detidas, destacadas entidades do Departamento de Justiça e da polícia federal dos Estados Unidos, o FBI, esta é a primeira vez que as autoridades americanos pronunciaram-se sobre o caso, sublinhando a gravidade com que veem nos alegados crimes cometidos.

Brian Benezkowski, procurador-geral adjunto da Divisão Criminal do Departamento de Justiça, disse tratar-se de “um descarado esquema criminoso internacional em que funcionários moçambicanos corruptos, directores de companhias e de bancos de investimentos roubaram 200 milhões de dólares de empréstimos que deveriam beneficiar o povo moçambicano”

“O Departamento de Justiça e os nossos parceiros estão empenhados em usar todos os meios à nossa disposição para levar a tribunal aqueles que se envolvem em lavagem de dinheiro, fraude financeiro e corrupção a custos de investidores dos Estados Unidos, onde quer que esses indivíduos estejam”, garantiu Benezkowski numa declaração emitida por aquele órgão.

Por seu turno, o procurador de Nova Iorque Richard Donoghue revelou que os indiciados estiveram envolvidos “numa fraude e num esquema de subornos grande que retiraram vantagens do sistema financeiro dos Estados Unidos, defraudaram os seus investidores e tiveram um impacto adverso na economia de Moçambique, para encherem os seus bolsos com centenas de mihões de dólares”.

Quem também se pronunciou foi o director adjunto do FBI, Charge Sweeney, para quem as acusações provam que “quem quer que seja ou em que posição de poder estiver, não está imune a acusações”.

Sweeney garantiu que "o FBI vai continuar a usar todos os recursos à disposição para desvendar crimes desta natureza e expô-los”.

Também pela primeira vez, o Departamento de Justiça americano confirmou na quinta-feira, 7, que os outros dois indiciados são Teófilo Nhangumele e António de Rosário, depois de, num primeiro momento, esses nomes terem sido retidos, embora tivessem sido a divulgados em Moçambique.

O Comunicado do Departamento de Justiça diz que Teófilo Nhangumele “actuou em nome do Gabinete da presidência”.

As acusações formais indicam, com efeito, que num e-mail enviado ao libanês Jean Boustani, preso em Nova Iorque, Nhangumele afirmou que “para se assegurar que o projecto tenha a aprovação do Chefe de Estado, tem que se garantir um pagamento antes de chegarmos lá, para que possamos saber e acordar em avanço, quanto deve ser pago e quando. Quaisquer pagamentos que tenham que ser feitos antes do projecto, podem ser incluídos no projecto e recuperados”.

O Presidente na altura era Armando Guebuza, mas nem o e-mail nem a acusação indicam directamente que o antigo Chefe de Estado moçambicano tivesse recebido qualquer parte dos subornos.

Recorde-se que também ontem um tribunal em Nova Iorque recusou fiança ao empresário libanês Jean Bustani, que deverá aguardar na prisão o seu julgamento.

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