Calmo, sereno, discurso pausado e sempre igual a si mesmo. Foi assim o primeiro dia de Armando Guebuza, como declarante no processo das dívidas ocultas.
Sem quaisquer surpresas, e perante um juiz demonstrativamente brando, Guebuza respondeu, sempre que quis, às questões do Tribunal, justificando a pertinência do projecto que virou calote para o Estado.
"Havia fortes ameaças contra a República de Moçambique" disse Guebuza, apontando situações como a pirataria marítima, a imigração ilegal, sobretudo nas fronteiras norte do país e o crescimento do tráfico de drogas usando o território moçambicano como corredor.
Guebuza disse conhecer todo o projecto e as empresas que viriam a se transformar nos veículos do calote ao Estado, mas demarcou-se da parte económica e financeira e, imputou qualquer explicação a Filipe Nyusi, que era na altura, o coordenador do chamado Comando Operativo, na qualidade de Ministro da Defesa.
"Essa é uma parte que foi estudada, apreciada e depois proposta pelas Forças de Defesa e Segurança, através do comando operativo" disse o antigo estadista, sugerindo que o então coordenador (Filipe Nyusi) fosse chamado a dar eventuais detalhes.
"Não sei se haverá algum membro do comando operativo que está cá, que viria explicar melhor, noutra ocasião, talvez... e normalmente quem responde é o chefe que está a presidir a reunião e neste caso, o comando operativo tinha o seu chefe, que era o Ministro da Defesa Nacional (Filipe Nyusi)" salientou.
A audição de Guebuza, continua nesta sexta-feira (18), com as perguntas da Ordem dos Advogados, assistente no processo, e dos restantes advogados.