No 21º dia de audições do processo das dívidas ocultas, o tribunal judicial da cidade do Maputo tenta arrumar o "puzzle" com os considerados principais cérebros dos projectos caloteiros.
Nesta segunda-feira, 27, foi a vez de Gregório Leão, antigo diretor da secreta nacional, o SISE. Chegou e desde cedo tentou delimitar as fronteiras do que para ali ia.
“O objecto desta minha prisão são as dívidas ocultas, não são empresas. Se me derem oportunidade é sobre isso que quero falar,” disse Leão, que dirigiu a secreta nacional, de 2005 a 2017.
Em mais de cinco horas ininterruptas de perguntas do Ministério Público, Leão jogou as suas respostas na subjectividade e sugeriu que o tribunal, deveria chamar ao banco dos réus, quem de facto, decidiu pela aprovação dos créditos caloteiros.
“Há pessoas que decidiram sobre os empréstimos que não estão aqui” disse, sugerindo a necessidade de se arrolarem os agentes políticos do processo.
Para muitas questões recusou-se a responder, remeteu respostas ao então Ministro da Defesa, Filipe Nyusi, e defendeu-se pelo juramento de secretismo imposto aos agentes da secreta.
Gregório Leão é o penúltimo arguido a ser ouvido. Depois dele será a vez de António Carlos do Rosário, que é, segundo a pronúncia, quem mais sabe sobre todas as zonas de penumbras sobre os mais de dois mil milhões do calote.
Leão, que antes de dirigir o SISE foi embaixador de Moçambique em Portugal, é esposo de Ângela Buque Leão, também em julgamento no mesmo caso.
Na próxima semana começam a ser ouvidos os declarantes cuja lista integra cerca de 60 pessoas, incluindo o antigo Presidente da República, Armando Guebuza.