O libanês Jean Boustani acusado pela Procuradoria Geral da República (PGR) de Moçambique de ter subornado cidadãos envolvidos no escândalo das dívidas ocultas disse nesta quarta-feira, 8, estar disponível para depor, por videoconferência, no julgamento que decorre em Maputo.
"Estou disposto e pronto para comparecer perante vossa excelência juiz Efigénio José Baptista, assim que possível, por videoconferência", lê-se num comunicado de imprensa distribuído pelo escritório de advogados Azoury & Associates Law Firm, que representa Boustani.
Em Moçambique, a PGR acusa Boustani de ter liderado o suborno de cidadãos, que estão a ser julgados por envolvimento no calote de, pelo menos, dois mil milhões de dólares.
Na lista dos subornados, o lobista Teófilo Nhangumele, o filho e secretária do ex-presidente Armando Guebuza, respectivamente Ndambi Guebuza e Inês Moiane, altos funcionários do Governo, incluindo o ex-ministro das Finanças, Manuel Chang, e o chefe da secreta, Gregório Leão.
Boustani, negociador da empresa naval Privinvest, foi julgado e ilibado em Nova Iorque de acusações de crimes financeiros em conexão com as dívidas que Moçambique contratou para alegados projectos de protecção costeira e pesca.
O libanês, que nesse julgamento, revelou que o actual Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, também beneficiou de fundos da Privinvest, voltou a mencionar o nome do estadista, dando a entender que este deve ser ouvido no julgamento que decorre em Maputo.
“Acredito que o meu testemunho (e de Vossa Excelência Presidente Filipe Nyusi) é crucial aos interesses de uma justiça transparente e justa”, lê-se no comunicado divulgado pelos advogados de Boustani, em Beirute.
O tribunal que julga o caso não tem em vista ouvir Nyusi, mas vai ter Armando Guebuza como declarante.