O julgamento das chamadas dívidas ocultas continua a registar contornos cada vez com ares de insólito em Maputo.
Desde a segunda-feira, 15, o 45o. dia de sessões, há cada vez menos advogados de defesa a comparecerem no tribunal.
Ontem, por exemplo, a sessão começou com apenas um advogado presente, o que deixou o juiz indignado.
"Esperei tempo considerável para ver se algum advogado chegava para ser o representante oficioso dos réus, mas até agora não chegou ninguém" disse o juiz Efigénio Baptista, quem mesmo assim decidiu que o julgamento deveria avançar.
Para piorar a situação, os próprios réus não sabiam do paradeiro dos seus defensores.
A maior disse desconhecer as razões das ausências e mostrava também a sua indignação.
Instantes depois chegou Isálcio Mahanjane, advogado com maior número de clientes (cinco no total), e acabou sendo nomeado o representante oficioso de todos os 19 arguidos.
Esta situação é vista por alguns sectores da sociedade, como um acto de boicote ao julgamento, contudo, Sónia Tamele, advogada de um dos réus, nega que seja algo concertado e justifica a situação.
"Não há nenhuma intenção de boicotar este processo, muito pelo contrário, estamos todos interessados na descoberta da verdade material. A questão é que o tempo que acabamos levando nas sessões, onde por vezes saimos de madrugada, acaba afectando o desempenho", justificou Tamele.
Até hoje, foram ouvidos 18 declarantes, sendo que a espectativa está guardada para o próximo mês, altura em que serão ouvidos o actual ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, e o antigo Presidente da República, Armando Guebuza.