O custo de vida em Moçambique tem tendência a agravar-se cada vez mais, com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatísticas a indicarem que, comparativamente a igual período do ano anterior, os preços aumentaram em Abril na ordem de 7,90%.
Enquanto activistas falam num impacto devastador nas pessoas, empresários alerta para limites e economista pede políticas arrojadas do Governo.
A activista social Telma Adriano considera que o impacto é devastador para as populações mais vulneráveis, sobretudo na província de Cabo Delgado.
“Em Cabo Delgado, em particular, a insurgência está a afectar a nossa economia de uma forma muito devastadora, primeiro porque quando começou a insurgência os megaprojectos tiveram a tendência de fechar e as pessoas que prestavam serviços para estas empresas ficaram sem emprego, e quando um determinado grupo social fica desempregado existe uma caseia que é perdida porque estás pessoas perdem o seu poder de compra”, afirma Adriano.
A economista Nelsa Langa aponta caminhos para inverter a situação e sustenta que o Governo pode adoptar medidas para atenuar o impacto dos choques externos derivados da alta de preços de combustíveis e da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, para além do incentivo ao aumento da produção.
“Esta subida de preços reforça ainda mais a ideia de que temos que diversificar a economia porque o que está a acontecer é que o peso do aumento é maioritariamente derivado pelos choques externos, visto que estamos muito expostos”, diz Nelsa Langa.
Ela sugere que o "Governo deve adoptar uma política de redistribuição de rendimentos, por exemplo tirar dos mais ricos para dar aos mais pobres, taxar mais aos mais ricos e menos aos pobres para que possam ter uma margem de rendimento disponível maior”.
Há pouco foi revisto o salário mínimo, no entanto os aumentos não corresponderam às expectativas da classe laboral.
Os empregadores, segundo Paulino Cossa, da Confederação das Associação Económicas (CAT), dizem-se sem alternativa para atenuar o custo de vida através de um aumento salarial mais robusto, tendo em conta as dificuldades para aumentar a produção devido à subida do custo das matérias primas no mercado internacional.
“Temos que ter consciência de que há projecções em relação ao crescimento, relativamente ao impacto daquilo que são os cenários actuais no mundo podem reflectir na nossa economia, portanto ignorar esses factores talvez fosse muito perigoso para a nossa economia, os reajustes podem aparentemente estar para beneficiar o trabalhador, mas no final das contas poderemos notar que exacerbamos aquilo que são os limites do ponto de vista material e os empregos poderão ser colocados em risco no futuro”, considera Cossa.
Para o Banco Central, através do seu economista PintoRibeiro o aumento dos preços de alguns produtos de exportação como consequência da conjuntura internacional poderá contribuir para o alívio do custo de vida, disse Pinho Ribeiro, Economista do Banco de Moçambique.
“Do lado do preço das exportações é isso vai beneficiar do ponto de vista da produção temos o aumento do preço do gás natural, do alumínio é do carvão, portanto dos produtos energéticos no geral”, referiu Pinho Ribeiro.