A crise no sistema interbancário moçambicano continua sem fim à vista, com a Administração da Simo Rede a alegar chantagem por parte da portuguesa BizFirts que detém o programa informático e que interrompeu os seus serviços, apanhando de surpresa a milhares de usuários deste sistema de pagamento.
Desde o dia 16, usuários do sistema de pagamento controlado pela rede Simo, detida maioritariamente pelo Banco de Moçambique, estão impedidos de o fazer, causando enormes transtornos.
Gertudes Tovela, presidente do Conselho de Administração da SIMO justifica a interrupção dos pagamentos eletrónicos por, segundo disse, não querer ceder a chantagens inaceitáveis protagonizaras pela portuguesa BizFirts.
"Algumas dessas condições ao longo do tempo foram aceites, mas hoje analisadas com alguma profundidade essas condições que este provedor coloca são condições insustentáveis, tanto em temos financeiros como ferem aquilo que é a soberania de um estado. Não são aceitáveis, são insustentáveis e o que o provedor tem vindo a fazer é uma espécie de chantagem", justificou Gertudes Tovela.
Entretanto, em comunicado, a portuguesa BizFirts justificou a interrupção dos serviços com a falta de pagamento por parte da Simo/InterBancos que utilizou “ilicitamente o programa da Bizfirst durante mais de dois anos, sem nunca pagar".
A alegada defesa da soberania nacional não convence a bancada parlamentar do MDM e o líder, Lutero Simango, exige mais explicações.
"Se o Simo aparece a boca cheia dizendo que a soberania está sendo posta em causa deve esclarecer de uma forma clara e objectiva", começou por dizer Lutero Simango, para depois acrescentar que "Governo tem a competência de normalizar esta situação, da mesma forma como está a tapar os furos das dívidas ocultas pode fazer em relação a isto, chamar o BizFest, chamar a Simo e encontrar uma saída urgentemente”.
Em média, a cada dia realizam-se 465 mil transações através da rede Simo, enquanto na diáspora os cidadãos moçambicanos fazer cerca de 14 mil transações por dia.
Esta paralisação está a ter um impacto social e económico devastador, na óptica dos analistas Tomás Vieira Mário e Simão Nhambi.
"Ninguém imagina os dramas que os utentes estão a viver quer dento do país, quer fora do país, não só do ponto de vista de transações de negócios, mas também a área social, há pessoas que por exemplo têm emergências médicas no estrangeiro mesmo no país e não têm outra forma de acudir às despesas a não ser através de transações eletrónicas", apontou o jornalista Tomas Vieira Mário.
Por seu turno, o analista Simão Nhambi considerou que esta situação "vem mais uma vez demonstrar que existe uma grande responsabilidade que as nossas instituições, sobretudo o Banco de Moçambique, devia ter em relação a este assunto porque afeta há muita gente".
Não há ainda qualquer data para a retomada das operações da Simo.