O braço-de-ferro entre a Renamo, o principal partido da oposição em Moçambique, e o seu membro e deputado, Venâncio Mondlane, continua, tendo este submetido à Procuradoria Geral da República (PGR) uma denúncia de alegada tortura a apoiantes da sua candidatura à presidência.
Mondlane alega que a tortura aos seus apoiantes, cujos vídeos circulam nas redes sociais, foi a mando da liderança do partido, mas aclara que esta situação não abala a sua pretensão de se candidatar a presidência da Renamo.
“A minha vontade de concorrer está inabalável, mantenho-a sempre, tanto mais que, para demonstrar que não é nada precipitado e não é nada feito emocionalmente, eu sou o único dos candidatos, que tem já o manifesto feito há mais de dois meses”, disse Mondlane.
Em reação a esta denúncia, Arnaldo Chalaua, porta-voz da bancada da Renamo na Assembleia da República, considerou a atitude de Venâncio Mondlane de nefasta para o bom nome do partido, numa altura em que está em curso a preparação da participação nas eleições gerais de outubro deste ano.
“Os deputados aqui na Assembleia da República (...) estamos a pedir ao nosso colega para chamar à razão, para que volte a ser igual a si mesmo”, pontuou Chalaua.
Para o analista político Fernando Lima, a crise na Renamo preocupa a sociedade moçambicana, apesar de o direito assistir a Venâncio Mondlane, sendo uma situação evitável e que poderia ser resolvida no seio dos órgãos do partido, para não beliscar a imagem da formação política em ano eleitoral.
“São questões de natureza política, mas, eventualmente, seria a questão mais óbvia discutir os assuntos internamente. O Venâncio Mondlane, em última análise está a usar o fórum apropriado”, disse Lima.
Por seu turno, o jornalista Egídio Plácido recordou que o que despoletou “todo esse barulho foi a afirmação do (porta-voz do partido, José) Manteigas de que Ossufo Momade era o candidato natural, se calhar numa altura em que todos estavam adormecidos relativamente à questão do mandato”.
Plácido sugeriu que “o que tem que acontecer a partir de agora é que a Renamo tem que se abrir como partido democrático (...) convocar o Congresso para legitimar a pessoa que vai ser o seu candidato, e a partir daí começar a reunir as forças, porque o adversário político, tanto de Ossufo Momade, assim como de Venâncio Mondlane, não são os membros da Renamo, mas sim a Frelimo”.
Refira-se que o Tribunal Judicial da Cidade de Maputo tem agendado para o dia 22 de março uma audiência que vai discutir uma providência cautelar em relação à convocação do Congresso da Renamo.
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