Milhares de crianças deslocadas pela insurgência em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, correm o risco de contrair doenças mortais, alerta o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Um comunicado da organização diz que aproximadamente 250 mil crianças correm esse risco. O mesmo menciona que condições como diarreia, de fácil tratamento, podem ser fatais para crianças deslocadas sem acesso a água potável e saneamento adequado.
Especialistas dizem que as crianças que sofrem de desnutrição são consideradas particularmente vulneráveis. Duas em cada cinco crianças de Cabo Delgado sofrem de desnutrição crónica.
Os insurgentes ligados ao Estado Islâmico atormentam a população de distritos do norte de Cabo Delgado desde 2017. Pelo menos duas mil pessoas foram mortas e mais de meio milhão forçadas à condição de deslocadas.
Acampamentos superlotados
As pessoas deslocadas estão em acampamentos superlotados na cidade de Pemba e noutras províncias vizinhas como Nampula e Niassa. Há registo de mais casos de desnutrição aguda severa entre a população deslocada.
O Unicef diz em comunicado que está preocupada com a insuficiência de água potável, saneamento e higiene para atender às necessidades crescentes de crianças e famílias nesses centros de acomodação e nas comunidades anfitriãs.
A agência procura angariar 52,8 milhões de dólares para responder às necessidades humanitárias mais urgentes em Moçambique, incluindo 30 milhões para o Plano de Resposta Humanitária para Cabo Delgado.
“À medida que as condições na província se deterioram ainda mais - especialmente com o início da estação das chuvas - os sistemas de água, saneamento e saúde estão sob pressão cada vez maior. Os parceiros humanitários no terreno devem apoiar esses serviços para proteger a vida e o bem-estar das crianças da região,” disse a diretora executiva do UNICEF Henrietta Fore.