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Crescente contestação de resultados eleitorais ameaçar credibilidade da democracia


Protestos antes das eleiçóes na Tunísia, Tunes, 13 setembro 2024
Protestos antes das eleiçóes na Tunísia, Tunes, 13 setembro 2024

Relatório Global sobre o Estado da Democracia 2024, do Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral diz que a credibilidade dos processos eleitorais está ameaçada

Cabo Verde continua a ser o país africano de língua portuguesa com a melhor avaliação da democracia, mas os demais países registaram melhorias nuns aspectos e retrocessos noutros.

Esta avaliação está no Relatório Global sobre o Estado da Democracia 2024, publicado nesta terça-feira, 17, pelo Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (International IDEA), com sede em Estocolmo, que, no entanto, a nível mundial, alerta que a crescente contestação de resultados e o contínuo decréscimo da participação está a ameaçar a credibilidade dos processos eleitorais.

O resultado de quase 20% das eleições realizadas entre 2020 e 2024 foi contestado por um dos candidatos ou por partidos perdedores após levantarem dúvidas sobre o ato da votação ou sobre a contagem dos boletins.

Entretanto, na avaliação por países, e em particular nos de língua portuguesa em África, Cabo Verde está entre os 32 países que registaram um retrocesso na eficácia do Parlamento nos últimos cinco anos, embora o desempenho se mantenha elevado.

Nos diferentes parâmetros analisados, o arquipélago subiu três lugares em Representação (32.º,), manteve-se em 54.º em Direitos, desceu um para 49.º em Estado de Direito e subiu três em Participação (120.º).

Angola é apontado num grupo de países com progressos em matéria de ausência de corrupção, juntamente com a Bulgária, Quénia e Maldivas.

Nos demais parâmetros, não houve grandes melhorias e mantém na parte de baixo da tabela.

Mantém-se no 121.º lugar no 'ranking' de Representação, sobe um lugar tanto em Direitos (119.º) e Estado de Direito (118º) e três em Participação (134.º).

Entretanto, Moçambique observou alguma deterioração e, embora continue no 118.º lugar no 'ranking' em Representação, desceu quatro posições para a 121ª. em Direitos, caiu nove para 116º. na classificação geral sobre Estado de Direito e desceu três para 129.º em Participação.

A Guiné-Bissau, por seu lado, tem uma boa referência apenas em Participação, ao ocupar o lugar 66, mas está na parte de baixo do ranking, ao ficar em 112.º em Representação, 129.º em Diretos e 137.º e, Estado de Direito.

Retrocessos

O relatório, que mede o desempenho democrático de 173 países desde 1975 para fazer um diagnóstico sobre o estado das democracias em todo o mundo, concluiu que 2023, foi o oitavo ano consecutivo em que mais países apresentaram um declínio em vez de uma melhoria no desempenho democrático global, a queda consecutiva mais longa em 48 anos.

O estudo conclui que 47% dos países registaram um retrocesso em pelo menos um indicador-chave do desempenho democrático ao longo de cinco anos em categorias que vão desde as liberdades civis à independência judicial.

África é o continente onde o indicador "eleições credíveis" foi mais afetado, tendo descido em 21 países africanos desde 2018, num total de 39 países em todo o mundo.

Apenas 15 países a nível internacional registaram pontuações mais elevadas neste índice do que há cinco anos.

O secretário geral da IDEA, em nota de abertura do relatório, diz que “a democracia enfrenta desafios críticos em todo o mundo, desde a polarização e o autoritarismo à desinformação e às alterações climáticas, além do mais, estas questões não são exclusivas dos países em desenvolvimento ou das democracias nascentes”.

Para Kevin Casas-Zamora, “são problemas comuns a todas as democracias e exigem soluções colectivas” e neste contexto, “o mandato único do Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA Internacional) para apoiar a democracia sustentável a nível mundial tornou-se mais importante do que nunca”.

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